Estratégias para o controle do câncer, no CEE-Podcast

Estratégias para o controle do câncer, no CEE-Podcast

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O câncer refere-se a um conjunto de mais de cem doenças, que requerem formas diversas de controle. Algumas dessas estratégias, no entanto, funcionam na maior parte dos casos, conforme aponta em comentário ao CEE-Podcast o médico sanitarista e epidemiologista Arn Migowski, pesquisador do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Ele integra o comitê científico preparatório do Seminário Controle do câncer no século XXI: desafios globais e soluções locais, a ser realizado pelo CEE-Fiocruz em 27 e 28 de novembro de 2025.

“Temos a prevenção primária, que busca impedir que a pessoa desenvolva o câncer, ou seja, diminuir a incidência da doença”, explica Arn, observando ser possível reduzir o percentual elevado de casos de câncer decorrentes de fatores modificáveis. “São fatores que chamamos de determinantes sociais da doença, alguns ligados a estilo de vida”. O principal deles, aponta o médico, é o tabagismo, fator de risco, “comprovadamente”, não só para câncer de pulmão, como diversos outros, como câncer de boca, bexiga, colo do útero, gastrointestinais, de cabeça e pescoço, entre outros. “Prevenir a iniciação do tabagismo e promover a cessação para quem já fuma são ações essenciais”, afirma.

Outros fatores de risco para câncer importantes, “bem definidos cientificamente”, estão associados, por exemplo, a alimentação e nutrição, sedentarismo e obesidade, enumera Arn Migowski. “A atividade física regular é uma forma de prevenção. Na alimentação, uma das recomendações é o consumo de ao menos cinco porções diárias de frutas, legumes e verduras”. Ele lembra, ainda, dos fatores de risco ligados ao meio ambiente e a atividades ocupacionais.

Outra estratégia de controle do câncer refere-se à busca de detecção precoce da doença, de modo a diminuir a mortalidade, como pontua o sanitarista. “O objetivo principal é detectar o mais precocemente possível o câncer e ter a possibilidade de tratamento com intenção curativa”, explica. Como indica Arn, há duas estratégias de detecção precoce de câncer: o rastreamento, com a realização de exames em indivíduos assintomáticos, sem suspeita, e o diagnóstico precoce, que visa antecipar e agilizar o processo de investigação em pessoas com sinais e sintomas suspeitos.

“Trabalhamos muito com o médico da atenção primária à saúde, que vai receber a pessoa no sistema de saúde, especialmente no SUS, avaliando as queixas iniciais dele”, diz Arn, destacando a importância de se “agilizar o processo de investigação”, deixando-o menos fragmentado. Nesse sentido, pontua, um iniciativa necessária é cuidar da navegação do paciente pelo sistema de saúde, o que pode ajudar a otimizar o processo todo e suas múltiplas etapas, da investigação ao tratamento oncológico.