Jornada da pessoa com câncer no sistema de saúde precisa se dar no tempo oportuno, defende pesquisadora

Jornada da pessoa com câncer no sistema de saúde precisa se dar no tempo oportuno, defende pesquisadora

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A navegação da pessoa com câncer pelo sistema de saúde foi um dos temas abordados na quarta oficina preparatória do Seminário Controle do câncer no século XXI: desafios globais e soluções locais, que será realizado pelo CEE nos dias 27 e 28 de novembro/2025.

A oficina reuniu, em 24/6/2025, integrantes do comitê científico responsável pela preparação do evento, que tem como coordenadores o ex-ministro da Saúde José Gomes Temporão e o ex-diretor do Inca Luiz Antonio Santini. Ambos lideram o grupo de pesquisa do projeto Doenças Crônicas e Sistemas de Saúde – Futuro das Tecnologias de Diagnóstico e Tratamento do Câncer (FTDTC), do CEE-Fiocruz.

 

 

Nas oficinas preparatórias, os especialistas vêm debatendo os desafios que envolvem o controle do câncer em nível nacional e global, em especial, as formas de fortalecer a Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer (PNPCC), a prevenção e a ampliação do acesso a tecnologias de diagnóstico e tratamento do câncer.

Nina Melo, coordenadora de Pesquisa na Abrale (Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia), em comentário ao CEE Podcast, destacou a importância de que todas as etapas da jornada oncológica, do diagnóstico ao acesso a tratamento e pós-tratamento, se deem em tempo oportuno, para que o prognóstico do paciente seja exitoso. “O paciente, muitas vezes, fica navegando no sistema entre diversos profissionais sem saber para onde ir”, obsrevou a pesquisadora. Por isso, ela ressaltou a importância de se contar com profissionais habilitados a orientar e, após o diagnóstico, fornecer informações, por exemplo, quanto ao momento propício ao início do tratamento, aos direitos do paciente, a forma de acesso a medicamentos, a tratamentos e à equipe multidisciplinar.

Esses profissionais podem facilitar o agendamento de consultas e exames e indicar a que instâncias recorrer, em caso de dificuldade – “assistente social, ouvidoria de hospital ou até mesmo esferas extra-administrativas, como as judiciais ou até mesmo o Ministério Público”, conforme destacou Nina. “Hoje não temos uma formação específica”, aponta Nina, destacando, por isso, a importância de uma política de educação continuada. “É muito comum os profissionais de Enfermagem serem os profissionais navegadores do sistema, mas é possível também ter outras categorias envolvidas”.

Na avaliação da pesquisadora, como o sistema de saúde é organizado de forma tripartite, estados e municípios precisam se articular para contar com profissionais que garantam esse tipo de acompanhamento. “É um desafio complexo, porque estamos falando de um país desigual regionalmente, com grandes distâncias e serviços de saúde que não são iguais para todo mundo. H[a lugares com oferta ineficiente e outros com oferta muito maior, e é preciso se adequar a esse cenário”, explicou Nina, sublinhando que isso exige planejamento.

A nova Política de Controle e Prevenção de Câncer, que agora tem força de lei, lembra Nina, “traz a navegação do paciente com câncer de uma forma muito evidente e destacada”. Ela alerta para a importância de que "tudo seja muito bem regulamentado". Para ela, “sem dúvida alguma, o estabelecimento da navegação do paciente com câncer, sobretudo no SUS, vai trazer ganhos importantes para toda a sociedade”.

Reserve a data: Seminário 'Controle do câncer no século XXI', dias 27 e 28 de novembro de 2025