Ciência, Tecnologia e Assistência Farmacêutica: integrar políticas para fortalecer o SUS e garantir o direito à saúde
A palavra é integração. Esse é o caminho de fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) e da garantia do direito à saúde para toda a população, conforme dita a Constituição de 1988. A partir desse entendimento, representantes de institutos de pesquisa, universidades, gestão pública, setor produtivo e controle social estiveram reunidos nos dias 15 e 16/9/2022 no 9º Simpósio Nacional de Ciência, Tecnologia e Assistência Farmacêutica, realizado na Fiocruz, Rio de Janeiro, para debater o panorama das políticas de saúde, o desenvolvimento científico e tecnológico e sua integração com as políticas de assistência farmacêutica e vigilância em saúde. O simpósio faz parte do Projeto Integra, e foi uma das atividades preparatórias da 17ª Conferência Nacional de Saúde, que será realizada de 2 a 5 de julho de 2023.
“O 9º Simpósio é resultado de mobilização envolvendo o Brasil inteiro. Foram realizados encontros regionais para levantamento de problemas e proposição de ações durante o evento”, explicou na mesa de abertura Silvana Nair Leite, coordenadora geral da Escola Nacional dos Farmacêuticos (ENFar), à frente da organização do evento, com o Conselho Nacional de Saúde (CNS), a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) e a Fiocruz. “O foco do Projeto Integra é o engajamento da sociedade”, observou.
Acesse comentários de Silvana Nair Leite (Enfar), Fernando Pigatto (CNS) e Socorro Gross (Opas) no CEE Podcast
Silvana Nair Leite no CEE podcast: integrar políticas para fortalecer o SUS
Fernando Pigatto no CEE Podcast: integrar políticas para fortalecer o SUS
Socorro Gross Galiano no CEE Podcast: integrar políticas para fortalecer o SUS
“O tema que vamos discutir é a cara da Fiocruz e faz parte de sua história e trajetória. A assistência farmacêutica é componente da estratégia institucional da Fiocruz”, destacou o vice-presidente de Gestão e Desenvolvimento Institucional. “Nosso entendimento é que ciência, tecnologia e inovação só têm sentido com um propósito social. A saúde não pode ficar à mercê da indústria, sobretudo a indústria internacional, como ocorreu com a indecente dependência que o Brasil vivenciou durante a pandemia de Covid-19. Temos que ser atores”, conclamou.
“O Sistema Único de Saúde é o maior patrimônio de política de proteção social deste país, e é caminho para construir essas políticas em outros países e outras regiões”, destacou a representante da Opas no Brasil, Socorro Gross, defendendo que a garantia do direito à saúde e o acesso a um sistema de saúde resiliente devem contemplar a inovação. “Nesta pandemia, vivemos um momento difícil, perdemos muitas pessoas, porque não logramos fazer da inovação um bem público”, considerou.
“Estivemos na Fiocruz no início de 2020 e vimos Bio-Manguinhos no processo de fabricação da vacina contra a Covid-19. E hoje temos 90% da população brasileira com ao menos a primeira dose. Temos algo que liga realidade e esperança”, observou Fernando Pigatto, presidente do CNS.
Nove eixos temáticos foram definidos nos encontros regionais e trazidos ao Simpósio para serem discutidos em nove grupos de trabalho – desabastecimento de medicamentos e soberania sanitária; propriedade intelectual e acesso a tecnologias; doenças emergentes e reemergentes; comunicação/informação em saúde; serviços farmacêuticos e necessidades sociais; pesquisa e necessidades sociais; formação para integração das políticas; dados, tecnologias de informação e intervenção na saúde; e tecnologias do suporte diagnóstico em saúde. As análises de cada grupo, acompanhadas de propostas de ação em curto, médio e longo prazo, foram apresentadas no segundo dia do Simpósio.
O evento contou ainda com duas mesas de debates: Panorama atual das Políticas de Assistência Farmacêutica, de Vigilância em Saúde e de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde, em 15/9, que contou com a participação do coordenador do Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz, Carlos Gadelha, e Da meta à ação: como integrar as políticas?, em 16/9.
Ao final do evento, foi lida a Carta do Rio de Janeiro, que apresenta uma agenda para a integração das políticas de Assistência Farmacêutica, de Vigilância em Saúde e de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde, voltada a um projeto nacional de desenvolvimento na próxima década.
Leia sobre a mesa Panorama atual das Políticas de Assistência Farmacêutica, de Vigilância em Saúde e de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde.
Leia sobre a mesa Da meta à ação: como integrar as políticas?
Leia a íntegra da 'Carta do Rio de Janeiro'