Pesquisadores da Fiocruz são coautores de artigo na revista ‘Nature’ com recomendações para acabar com as ameaças da Covid-19
Artigo publicado na revista Nature apresenta um painel multidisciplinar de 386 especialistas de saúde, organizações não governamentais e governamentais, entre outros, de 112 países e territórios, voltado a recomendar ações específicas para acabar “com a persistente ameaça global à saúde pública” representada pela Covid-19. Assinado por 40 autores, entre eles, a pesquisadora Ligia Giovanella, à frente do projeto Atenção Primária na Rede SUS, um dos nove Projetos Integrados do CEE, Fernando Bozza, Mauricio Barreto, Tania Araujo-Jorge e Marcus Lacerda, também pesquisadores da Fiocruz, o texto traz um conjunto de 41 declarações de consenso e 57 recomendações para governos, sistemas de saúde, indústria e outras partes interessadas, resultantes do painel.
Liderada pelo Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal), pesquisa foi realizada pelo método Delphi – que possibilita, por um processo de comunicação coletiva, reunir opiniões de especialistas separados geograficamente, sobre temáticas consideradas complexas. “Após quase três anos de respostas globais e nacionais fragmentadas, é instrutivo observar que três das recomendações mais bem classificadas pedem a adoção de abordagens de toda a sociedade e de todo o governo, mantendo medidas de prevenção comprovadas usando uma abordagem vacinas-plus, que emprega de medidas de saúde pública e de apoio financeiro para complementar a vacinação”, escrevem os autores.
Divididas em seis áreas, as orientações destacam a importância de se desenvolver uma comunicação efetiva; fortalecer os sistemas de saúde; enfatizar a vacinação; promover medidas de prevenção; expandir os tratamentos; e combater as desigualdades.
De acordo com o artigo, vivenciamos um período em que a rápida produção de grandes volumes de novas informações relacionadas a Covid-19 pode ser uma fonte de desinformação para os próprios governos na formulação de políticas de saúde. Dessa forma, a orientação do estudo volta-se à necessidade de “melhorar a comunicação, reconstruir a confiança do público e envolver as comunidades na gestão das respostas à pandemia”.
No que diz respeito ao excesso de “informações que desinformam”, ou infodemia, a publicação aponta queos governos devem monitorar informações falsas para combater e “expor as redes de informações falsas, além de considerar responsabilizar os editores dessas informações”.
O texto chama atençãotambém para o papel fundamental dos profissionais de saúde pública e outras autoridades no uso de mensagens claras e responsivas para combater as informações falsas. “Paralelamente, as empresas de mídia social devem implementar controles que reduzam a publicação e disseminação de informações falsas sobre saúde”, observam os autores.