“A consolidação do SUS em seus princípios, como dizia Arouca, faz parte do processo civilizatório, da produção de uma democracia substantiva que enfrente as profundas desigualdades, o racismo estrutural e o genocídio dos povos indígenas”, destaca a pesquisadora Lígia Giovanella, em novo vídeo da série Futuro do SUS, do blog do Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz Antonio Ivo de Carvalho (CEE-Fiocruz). De acordo com a pesquisadora, à frente do projeto de pesquisa integrado do CEE Atenção Primária na Rede SUS, a consolidação do SUS requer a ampliação dos recursos para um financiamento adequado e suficiente, pois os gastos públicos em saúde no Brasil “são extremamente baixos”.

Para a pesquisadora, é preciso também estabelecer mudanças no modelo assistencial para responder às necessidades de saúde da população e os desafios demográficos e epidemiológicos. “Um componente importante dessa mudança é a qualificação da atenção primária à saúde no SUS, com retomada da prioridade real da Estratégia Saúde da Família e a sua universalização como modelo de atenção primária, integral e resolutiva territorial e comunitária, integrada na rede regionalizada do SUS. Um modelo que tem se mostrado o mais efetivo e exitoso, com evidências científicas robustas de seus impactos positivos vivos na saúde da população”, considera.

Ligia relaciona a universalização da Estratégia Saúde da Família ao SUS do futuro, com equipes multiprofissionais, com saúde bucal, com Nasfs (Núcleos Ampliado da Saúde da Família) atuantes em unidades básicas de saúde dotadas de infraestrutura adequada, bem equipadas, com investimentos e educação continuada.

Além disso, a pesquisadora defende que é urgente fortalecer a integração da atenção básica com serviços especializados nas redes de cuidado de forma regionalizada, sem “barreiras burocráticas que ocasionam perdas de oportunidade e agravamento das condições de saúde”. Para essa garantia, propõe, “é necessário apostar na oferta pública regional de serviços de saúde, com policlínicas de especialidades e laboratórios públicos regionais e hospitais integrados em rede”.

Ligia salienta, ainda, que a consolidação do SUS público universal e de qualidade exige a valorização dos profissionais de saúde com formação e educação permanente e com fortalecimento de planos de carreira e a garantia de vínculos de trabalho decentes. “Isso está inter-relacionado com a implementação de modelos de gestão dos serviços públicos de saúde que não levem a privatização, a comercialização, a mercantilização da saúde e do SUS”, conclui.

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Acesse os vídeos da série Futuro do SUS

Sonia Fleury
Alessandro Jatobá
Maria Helena Machado
Luiz Antonio Santini
Assis Mafort
Manoel Barral
Gustavo Matta e Sergio Rego