Pesquisadores estudam a relação entre a prática da capoeira e as funções cerebrais
A relação entre a capoeira e o cérebro, nos aspectos motor, cognitivo e emocional, é tema do artigo Capoeira e função cerebral: Hipóteses e perspectivas a partir de uma revisão sistemática, assinada pelo pesquisador do CEE-Fiocruz Sidarta Ribeiro, integrante do projeto de pesquisa Saúde Mental e Políticas Públicas, e pelos pesquisadores Renato Sobral Monteiro-Júnior, Valter da Rocha Fernandes, Henrique Nunes Pereira Oliva e Tiago Paiva Prudente. O artigo traz uma revisão de literatura sobre ativação cerebral e rede cognitiva, em indivíduos envolvidos com a prática da capoeira, e propõe um modelo de função cerebral em resposta a estímulos desse esporte e expressão cultural.
Conforme registram os autores, a capoeira envolve diversas regiões do cérebro e, provavelmente, ativa áreas subcorticais envolvidas na memória e nas emoções. “A rede executivo-límbica pode desempenhar um papel central nas demandas cognitivas e emocionais da capoeira”, escrevem.
Foram analisados cinco estudos, compreendendo 1.365 pessoas envolvidas com capoeira, em que observou-se alterações no hemisfério esquerdo do giro pré-central [região do cérebro humano que controla os movimentos voluntários do corpo], córtex pré-motor dorsal direito, córtex insular posterior [que integra sensações como dor e temperatura], córtex visual, área motora suplementar e giro pós-central [região do cérebro que processa sensações somáticas, como o tato e a propriocepção], entre outras subregiões. “Os efeitos neurocognitivos foram particularmente proeminentes em crianças”, observam.
Os autores concluíram que a prática da capoeira envolve ampla rede de regiões cerebrais, notavelmente os córtices pré-frontal, temporal e parietal, regiões relacionadas ao processamento motor e cognitivo. Verificaram, ainda, que regiões subcorticais também parecem ser ativadas, potencialmente relacionadas ao controle executivo e às emoções. A exposição à capoeira, apontaram, “produz efeitos neurais, sugerindo benefícios no processamento motor, cognitivo e emocional, o que pode inspirar futuras pesquisas e aplicações terapêuticas dessa prática”.
Acesse o artigo na íntegra (em inglês).