Estudo realizado pelo CEE-Fiocruz levantou opiniões e percepções de pesquisadores em saúde pública do Brasil sobre os desafios que envolvem a implementação da Agenda 2030 e seus 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, em especial o Objetivo 3, relativo à Saúde – Assegurar vidas saudáveis – no país. As respostas dos especialistas indicaram que os objetivos 4 – Assegurar a educação de qualidade (57,4%) – e 1 – Erradicar a pobreza (54,8%) – são aqueles que, implementados, mais contribuiriam para que o país atinja o Objetivo 3. A pesquisa, Percepção de especialistas em Saúde sobre a Agenda 2030, foi realizada entre 22 de janeiro e 9 de fevereiro de 2108, por meio de questionário eletrônico enviado por e-mail, respondido por 884 especialistas.

O banco desses respondentes foi montado com autores de artigos publicados nos últimos cinco anos, na base de dados Web of Science (WoS). Eles avaliaram a importância da Agenda para direcionar políticas públicas no Brasil, em uma escala de 1 (pouco importante) a 5 (muito importante), e o potencial do Brasil para cumprir os ODSs, na mesma escala – 1 (baixo potencial) a 5 (alto potencial).

O questionário foi elaborado por um grupo de pesquisadores do Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz, tendo como referência o documento Evaluating Progress towards the Sustainable Development Goals (The GlobeScan/SustainAbility Survey, 2017), adaptado para formulação de questões relativas ao Brasil.

A percepção predominante a respeito da Agenda 2030 foi de que o documento é importante (81% indicaram os pontos 4 ou 5 da escala) e os ODSs são bem conhecidos (65%). O potencial do país para cumprir a Agenda, no entanto, foi considerado baixo ou muito baixo no que se referiu a quase todos os objetivos: 66,6% avaliaram como baixo ou muito baixo o potencial de cumprimento do ODS1 – Erradicação da Pobreza; 64,9%,  do ODS 10 – redução das desigualdades – e 63,3%, do ODS 16 – promoção de sociedades pacíficas e inclusivas.

Os especialistas indicaram que o ODS 4 – Educação de Qualidade – não só é básico para que se alcancem as metas do ODS3 (para 68%) , como também representa o principal desafio para o Brasil. A Erradicação da Pobreza (ODS1), apesar de ter sido considerado o segundo mais importante do conjunto (51%), foi visto como aquele com menos potencial de cumprimento, conforme indicado. Já os ODSs 6 –Água potável e Saneamento – e 2 – Fome Zero – foram alvo de algum otimismo: respectivamente, 26,8% e 25,5% indicaram com os pontos 4 e 5 na escala o potencial de cumprimento.

Os especialistas fizeram também recomendações a serem implementadas para o que país cumpra cada uma das metas do ODS3. Reduzir a pobreza, alcançar cobertura universal da atenção básica, investir na educação da população, tomar medidas para reduzir as diferentes manifestações da violência e aumentar a cobertura do saneamento básico foram algumas das recomendações mais citadas.

De acordo com os autores da pesquisa, o envio de questionário virtual a especialistas apresentou um ganho, para além da possibilidade da coleta de dados com agilidade: a disseminação do documento em um grupo específico, associando à realização da pesquisa uma ação de advocacy pela valorização da Agenda 2030.

Acesse a pesquisa completa – Percepção de especialistas em Saúde sobre a Agenda 2030