“Qualquer mudança social só se fará com o protagonismo dos de baixo”
Antecipando para o blog do CEE/Fiocruzalgumas reflexões sobre as mudanças socias e os movimentos sociais atuais, o historiador e militante do Fórum Social de Maguinhos relembra a reconfiguração de poder que se inicia a partir da década de 1990 e que no sistema capitalista sempre haverá crises já que “ instabilidade sempre é passageira, mas as sociedades são transitórias historicamente”.
A solução, segundo o historiador, nesses momentos de instabilidade política é problematizar o discurso vanguardista da esquerda. Ele acredita que “qualquer mudança social só se fará com o protagonismo dos de baixo”
Fransérgio participará da mesa A política e o movimento da sociedade, no segundo dia do Seminário Futuros do Brasil – Crise atual e alternativas de longo prazo, dia 12/4/2016, ao lado de Angela Alonso do Ceprap/ USP e Guilherme Boulos do MTST, com a coordenação de José Ricardo Ramalho.
Leia mais abaixo.
" Segundo o doutor em Filosofia Marildo Menegat em seu artigo intitulado: A Crise da Modernidade e a Barbárie, o futuro está encurtado; as forças dominantes, ao perceberem isso, projetam uma nova reconfiguração do poder. Desde 1990, há uma nova esfera pública; a última reconfiguração se deu no chamado “Walfare State”. Um Estado democrático em uma sociedade industrial. Hoje, o Estado portanto assume seu autoritarismo sem mexer em uma democracia aparente. O que veremos nesse documento é a prova cabal dessa nova reconfiguração de poder, onde as violações de direitos irão acontecer em pleno Estado Democrático de Direito.
Vale salientar também que a palavra crise nutre todo esse processo, pois o capitalismo não existe sem crise. A instabilidade sempre é passageira, mas as sociedades são transitórias historicamente.
Nessa nova reconfiguração no reordenamento do Estado, vemos em 1º plano a Polícia, e as prisões. Este modelo é central. Temos um deslocamento do Parlamento. Quem assume é o aparato policial. Estamos caminhando e já vivendo a consolidação do Estado Penal.
As relações sociais, a estrutura mental, os costumes, as narrativas coletivas, tudo se contamina com essa obsessão policial do Estado, ou seja, estamos vivendo um processo de militarização das vidas.
O “Estado de Bem Estar Social” deu vez ao Estado do Mal Estar Social.
No aspecto dos movimentos sociais, vou me ater nos movimentos de resistências que vem (re)surgindo no espaço das favelas e seu protagonismo, permeado no que o geográfo Milton Santos trabalhou como micro - revoluções.
A partir das narrativas faveladas iremos fomentar e problematizar o discurso vanguardista existente na esquerda, e essa tal democracia existente.
Como perspectivas de futuro visualizar a partir do reconhecimento desse protagonismo favelado por parte da esquerda, uma construção articulada de luta que não se centralize apenas na questão de classe e que qualquer mudança social só se fará com o protagonismo dos de baixo. "