André Singer: 'Está surgindo como tendência um crescimento da alternativa neoliberal'

André Singer: 'Está surgindo como tendência um crescimento da alternativa neoliberal'

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Antecipando ao blog do CEE-Fiocruz algumas reflexões sobre a conjuntura política brasileira, o cientista político André Singer, aponta dois grandes projetos em confronto para o país, um mais liberal, que emerge como possivelmente vitorioso sobre o outro, desenvolvimentista, “mais na defensiva”.

Singer é um dos participantes do seminário Futuros do BrasiL – Crise atual e alternativas de longo prazo, que se realizará nos dias 11 e 12 de abril, no Rio de Janeiro. Ele participará da mesa Encruzilhadas da conjuntura, no dia 11, das 14h às 16h, ao lado de Marcos Nobre (Unicamp/Cebrap) e Lena Lavinas (UFRJ), com moderação de Argelina Figueiredo (Iesp/Uerj).

 

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"Tem uma polarização de propostas de longo prazo para o Brasil, que não fica clara na confusão que está posta pelos acontecimentos. Há dois grandes projetos em confronto, um mais de tipo liberal, que, neste momento, está mais forte e tende a se tornar predominante, e outro, que, de algum modo, chamaria de desenvolvimentista, que está mais na defensiva. Essas são as duas grandes visões de longo prazo para o Brasil, hoje.

De alguma maneira, apesar da intensidade dos fatos cotidianos, é interessante olhar para esse plano de fundo e ver que se tentou, no primeiro mandato de Dilma e nos dois mandados de Lula, uma saída desenvolvimentista para o país, que agora vai sendo suplantada pelo neoliberalismo. Tudo aponta para que vamos viver um momento de liberalismo.

Previsões de curto prazo são impossíveis. O que está surgindo como tendência é um crescimento da alternativa neoliberal. Não afirmo que isso vai se concretizar.

Há uma disputa em torno do impeachment. Se vier a ter êxito, vai colocar o país no reverso do desenvolvimentismo. Toda a luta imediata está concentrada em torno do impeachment, uma luta parlamentar. Neste momento, claro que as ruas, o Judiciário, têm peso, mas são os parlamentares que vão decidir. Em oposição ao projeto colocado como desenvolvimentista.

Há evidentemente uma distorção. Não é normal, nem aceitável que o presidente da Câmara [que abriu o processo de impeachment] seja uma pessoa sobre quem pesam acusações fortes. Mas são os fatos". (André Singer)