Fiocruz participa da Conferência Global de Clima e Saúde 2025

Fiocruz participa da Conferência Global de Clima e Saúde 2025

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Adrielly Reis (Fiocruz Brasília)

Um paciente que já sente todos os efeitos da emergência climática que o mundo vive e somatiza as consequências: foi assim que os painelistas da Conferência Global de Clima e Saúde 2025 definiram o planeta. Realizado em Brasília pelo Governo Federal, pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS), o evento foi realizado de 29 a 31/7/2025. Ao lado de autoridades globais da Saúde e do Meio Ambiente, a Fiocruz participou do debate na Conferência, reafirmando seu papel histórico no reconhecimento e na investigação da relação entre clima, ambiente e saúde.

A atuação estratégica da Fiocruz nesse campo foi reconhecida pelo ministro da Saúde brasileiro, Alexandre Padilha, em sua fala de abertura do evento. Ele saudou o presidente da Fundação, Mario Moreira, e o ex-presidente e atual coordenador da Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030 (EFA 2030), Paulo Gadelha. “Agradeço muito a Fiocruz pelo seu papel em todo o debate, produção do conhecimento, articulação e formação para o nosso Sistema Único de Saúde [SUS] e para o mundo, em cooperação com outras fundações e institutos nacionais para a temática do impacto das mudanças climáticas na saúde no Brasil e no exterior”, destacou o ministro.

A 103 dias da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), que acontecerá em novembro em Belém (Pará), a Conferência Global é um aquecimento para a construção do Plano de Ação de Saúde de Belém, com foco na saúde global e no enfrentamento aos impactos das mudanças climáticas. O encontro, portanto, tem como um dos principais objetivos definir caminhos para consolidar a saúde como um pilar central da ação climática, em preparação para a COP 30.

“É preciso atacar as causas e não só tratar dos sintomas”, declarou a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, dando o tom da conferência em sua abertura.

Equidade e cooperação
Palavras como equidade, cooperação e resiliência ditaram a narrativa uníssona dos painelistas, que reforçaram a indissociação da saúde única e a intersecção entre as saúdes ambiental, animal e humana para a construção do Plano de Ação de Saúde de Belém.

Racismo ambiental, insegurança alimentar, aumento de doenças infecciosas e arboviroses são alguns dos fatores que contribuem para o agravamento das desigualdades sociais frente às crises climáticas que atingem as populações vulnerabilizadas, como as periféricas, os povos originários, as comunidades ribeirinhas e quilombolas. O tema foi abordado no painel Sociedade civil e academia, no qual o presidente da Fiocruz, Mario Moreira, destacou o protagonismo científico e tecnológico da instituição, que, há mais de 50 anos, pesquisa a relação entre saúde, meio ambiente e clima.

“Ao longo dos 125 anos de existência da Fiocruz, nossa missão primordial tem sido gerar conhecimento e desenvolver tecnologias que promovam serviços e produtos essenciais, com foco não apenas na saúde do brasileiro, mas também em uma perspectiva de saúde global”, assinalou Moreira, reforçando o compromisso da Fundação com a COP 30.

Entre as contribuições para a COP 30, a Fiocruz trabalha na estruturação de um Centro de Clima e Saúde. “Este centro visa consolidar a capacidade da Fiocruz em responder aos desafios decorrentes das mudanças climáticas, da perda de biodiversidade e das condições ambientais”, sublinhou o presidente.

Dentre as iniciativas da Fundação, também foram destacados o Centro de Integração de Dados e Conhecimento para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia), que está construindo uma plataforma de dados climáticos para investigar os efeitos das mudanças climáticas para a saúde da população em contexto de vulnerabilidade, e o Observatório de Clima e Saúde, que congrega cerca de 970 publicações e monitoramento de eventos extremos.

A presença da Fiocruz nas cinco regiões do país, a parceria com os ministérios, sobretudo o Ministério da Saúde para o fortalecimento do SUS, e as cooperações com agências nacionais e internacionais também foram elencadas na fala de Mario Moreira. “Esses esforços refletem o compromisso da Fiocruz com à Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e reforçam a dedicação do governo brasileiro na coordenação desta COP histórica”, concluiu.

Fiocruz na Conferência Global de Clima e Saúde
No primeiro dia de conferência, estiveram presentes o coordenador da Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030, Paulo Gadelha; a diretora da Fiocruz Brasília, Fabiana Damásio; a diretora da Fiocruz Amazônia, Stefanie Lopes; e os pesquisadores Guilherme Franco Neto, Maurício Paredes, Hugo Paz e Fernando Carreira.

Participaram de painéis e laboratórios o coordenador científico do Cidacs/Fiocruz Bahia, Mauricio Barreto, e o coordenador do Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz Antonio Ivo de Carvalho (CEE-Fiocruz), Romulo Paes de Sousa, que apresentou o tema Evidências políticas para construir sistemas de saúde resilientes. Já Barreto tratou da Mensuração do progresso no desenvolvimento de indicadores de saúde e o alinhamento com a implementação do Plano de Ação em Saúde de Belém.

Assista à integra das mesas.