Em roda de conversa com jovens na 77ª SBPC, Carlos Gadelha defende soberania nacional na saúde e equidade territorial
Atividades promovidas pelo grupo de pesquisa Desenvolvimento Sustentável, CT&I e Complexo Econômico-Industrial da Saúde (GPCEIS) do CEE-Fiocruz mobilizaram centenas de participantes da 77ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada de 13 a 19 de julho, em Recife (PE). O CEE integrou o estande da Fiocruz na SBPC Jovem, com roda de conversa voltada a levar o conceito e exemplos práticos relacionados ao Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS) para a juventude.
No encontro, o pesquisador Carlos Gadelha, à frente do grupo de pesquisa, falou aos jovens sobre o papel estratégico do CEIS e da inovação tecnológica para a construção da soberania sanitária nacional. A atividade contou com mediação das pesquisadoras Karla Montenegro, Mirian Cohen, ambas do CEE, e Sabrina Monteiro, do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia do CEIS (Iceis).
“Discutimos que a base produtiva e de inovação da saúde é uma das grandes alternativas para o desenvolvimento do país, incluindo as pessoas, os territórios e com reafirmação da soberania brasileira”, relata Gadelha, para quem a participação dos jovens foi “fantástica”.
Em sua exposição, o pesquisador destacou a saúde como motor do desenvolvimento nacional e reforçou a importância de integrar ciência, tecnologia e inovação aos territórios brasileiros, enfatizando o Nordeste. “É um privilégio estar aqui em Pernambuco para discutir com os jovens essa visão de que saúde é desenvolvimento”, disse o pesquisador. Ele citou iniciativas como a Hemobrás criada em 2004, vinculada ao Ministério da Saúde, voltada ao processamento de plasma no Brasil, e o projeto do fator VIII recombinante, proteína produzida por engenharia genética, voltada à coagulação do sangue, como exemplos de que o Brasil “tem capacidade técnica e científica para avançar em setores estratégicos, inclusive fora dos grandes centros”.
Ao mencionar o sertão nordestino como território fértil para a inovação, Gadelha lembrou de nomes como o da economista Tânia Bacelar, estudiosa e defensora dos potenciais da região, e reforçou que o país precisa apostar em um novo modelo de desenvolvimento que inclua todas as regiões e suas populações. “Estamos no Nordeste mostrando que é possível, sim, para o Brasil ter um projeto de desenvolvimento que inclua suas regiões”, disse.
A conversa com os jovens também foi espaço de defesa da soberania nacional em saúde. Gadelha apontou que, embora o Brasil ainda dependa de importações no setor, especialmente dos Estados Unidos, com volume superior a 3 bilhões de dólares, essa dependência já foi significativamente maior. Hoje, representa menos de 15% do total de toda dependência. “A saúde está, sim, preparada para usar as flexibilidades que temos no sistema de propriedade intelectual”, afirmou.
O pesquisador defendeu a estruturação do Complexo Econômico-Industrial da Saúde como central para garantir um Sistema Único de Saúde (SUS) forte, autônomo e menos vulnerável a pressões externas. “Temos capacidade de responder. O desenvolvimento do complexo nos dá esperança de sermos cada vez menos dependentes e mais soberanos, no SUS, na saúde e como nação”.
Durante o encontro, os jovens assistiram ao vídeo Como a CT&I ajuda a fortalecer o SUS? O CEIS e a conexão entre a tecnologia e as pessoas, que utiliza técnicas de facilitação gráfica, e participaram de sessões de quiz sobre o CEIS. As atividades fazem parte de pesquisa que investiga recursos educacionais voltados a despertar a atenção dos jovens para mudar a realidade de dependência externa de produtos e serviços em saúde no Brasil.