Avanços, custos e aspectos éticos da Inteligência Artificial, na edição 2024 do AI Index, publicado pela Universidade de Stanford
O relatório 2024 do Índice de Inteligência Artificial (AI Index), publicado anualmente pela Universidade de Stanford, nos EUA, aponta que a IA já supera os humanos em tarefas básicas, como compreensão de leitura, classificação de imagens e raciocínio audiovisual. No entanto, fica atrás em outras como matemática de nível competitivo e planejamento. Em sua sétima edição, o texto aborda os avanços técnicos na IA, as percepções da população em relação à tecnologia e a dinâmica geopolítica que rodeia o seu desenvolvimento, além de trazer estimativas sobre os custos de treinamento em IA e um capítulo novo dedicado ao impacto da IA na ciência e na medicina.
O Índice IA de Stanford, publicado pela primeira vez em 2017, é compilado por um grupo de especialistas do meio acadêmico e da indústria, para avaliar capacidades técnicas, custos e aspectos éticos, entre outros pontos.
O documento identifica uma “falta de avaliações robustas e padronizadas” para a utilização responsável da IA, referindo-se ao Large Language Model (LLM), ou modelo de linguagem ampla – referente a modelos de aprendizado de máquina que podem compreender e gerar textos em linguagem humana e funcionam analisando conjuntos gigantescos de dados de linguagem. Essa lacuna, observam os autores, torna difícil comparar os sistemas em termos dos riscos que representam.
De acordo com o relatório, a indústria continua a dominar a investigação de ponta em IA, tendo produzido, em 2023, 51 modelos de aprendizagem automática, enquanto o meio acadêmico contribuiu apenas com 15. O texto aponta também “um novo recorde” no que diz respeito a colaborações entre a indústria e o meio acadêmico, o que resultou em 21 modelos.
Em 2023, 61 modelos notáveis de IA originaram-se de instituições sediadas nos EUA, ultrapassando os 21 da União Europeia e os 15, da China. Apesar de um declínio no investimento privado global em IA no ano passado, informa o relatório, o financiamento para IA generativa – isto é a Inteligência Artificial que não apenas copia, imita ou reproduz, mas tem capacidade de criar a partir do que conseguiu aprender – aumentou, quase duplicando a partir de 2022, atingindo 25,2 mil milhões de dólares. Entre os principais atores no espaço generativo de IA, estão OpenAI, Anthropic, Hugging Face e Inflection.
O crescente uso da IA na ciência também é destacado na edição 2024, que, pela primeira vez, dedica um capítulo às aplicações científicas. O texto destaca projetos como o Graph Networks for Materials Exploration (GNoME), empreendido pelo Google, que visa ajudar a descoberta de materiais, e o GraphCast, que faz previsões meteorológicas rápidas.
O impacto da IA no trabalho também é abordado no documento, sugerindo, a partir de estudos realizados em 2023, que a IA permite aos trabalhadores concluírem tarefas mais rapidamente e melhorar a qualidade dos seus resultados. Esses estudos também demonstraram o potencial da IA para preencher “a lacuna de competências” entre trabalhadores pouco e altamente qualificados. Outros estudos, no entanto, alertam que o uso de IA sem a devida supervisão pode levar à diminuição do desempenho.
No que diz respeito à relação das pessoas com a Inteligência Artificial, o texto conclui que há mais consciência quanto ao seu impacto potencial. Citando inquérito do Instituto Ipsos, voltado a pesquisa e consultoria de mercado, aponta que, no último ano, a proporção daqueles que pensam que a IA irá afetar dramaticamente suas vidas nos próximos três a cinco anos aumentou de 60% para 66%, e que 52% expressam nervosismo em relação aos produtos e serviços de IA – um aumento de 13 pontos percentuais em relação a 2022.