Árvore e placa perpetuam a memória de Antonio Ivo de Carvalho na Fiocruz

Árvore e placa perpetuam a memória de Antonio Ivo de Carvalho na Fiocruz

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Pessoas ladeando uma placa onde se vê um homem sorridente e um texto

A trajetória e a memória do sanitarista Antonio Ivo de Carvalho (1950-2021) estão eternizadas no campus Manguinhos da Fiocruz, onde, em evento em sua homenagem, em 9/6/2022, dia de seu aniversário e véspera de um ano de seu falecimento, foi plantada a muda de um abacateiro – árvore escolhida por sua perenidade e por dar um dos frutos mais apreciados pelo sanitarista, o abacate. No local do plantio da árvore foram também depositadas as cinzas de Antonio Ivo e, ao lado, descerrada uma placa com a imagem do sanitarista, um texto destacando sua luta por uma “sociedade menos desigual” e por uma “saúde pública de qualidade para todos os brasileiros”, além de um trecho do poema Eterno, de Carlos Drummond de Andrade: “Eterno é tudo aquilo que vive uma fração de segundo /mas com tamanha intensidade que se petrifica e /nenhuma força o resgata”.

A cerimônia reuniu, na lateral do antigo Politécnico, atual Departamento de Ciências Biológicas da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), familiares, pesquisadores e amigos de Antonio Ivo. Médico, professor e pesquisador, reconhecido defensor do direito universal à saúde e um dos principais atores do movimento da Reforma Sanitária Brasileira, Antonio Ivo dirigiu a Ensp por nove anos e foi idealizador e primeiro coordenador do Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz (CEE-Fiocruz), que passou a levar seu nome a partir de julho de 2021, por decisão do Conselho Deliberativo da instituição.

“Plantar uma árvore simboliza o que foi Antonio Ivo na construção da saúde pública”, disse o diretor da Ensp, Marco Menezes, lembrando que na celebração dos 67 anos da Escola, o que mais se destacou foram saudações à Ensp, ao SUS e a Antonio Ivo.

Mariana Vercesi de Albuquerque, à frente do Departamento de Administração e Planejamento em Saúde (Daps) da Ensp, o “departamento do Ivo”, conforme definiu, lembrou das iniciativas inovadoras do sanitarista. “Era uma pessoa visionária”.

Para Carlos Gadelha, atual coordenador do CEE-Fiocruz, a árvore plantada em homenagem a Antonio Ivo simboliza as muitas árvores que ele deixou. “Uma delas, o CEE, uma árvore de transformação, de ousadia”, destacou. “Toda vez que vejo que está difícil, lembro do Ivo. Ele está no CEE. Pensaremos o futuro sempre com Ivo”.

A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, agradeceu a família de Antonio Ivo pela “confiança em nos permitir fazer essa homenagem” na Fiocruz. Nísia ressaltou o papel de Antonio Ivo na instituição, em sua trajetória na Ensp e no CEE, “concebido para pensar o futuro da Fiocruz, da saúde e da ciência”, conforme observou. “Ivo foi precursor de uma visão mais aberta da Fiocruz, do pensamento em rede, da integração de várias áreas do conhecimento”, disse Nísia. “Nas pautas inovadoras da instituição, Ivo está presente”.

Uma expressão do carinho e da admiração por Antonio Ivo foi constatada por Nísia, conforme relatou, na estreia do documentário A saúde tem cura, do cineasta Silvio Tendler, em 7/6/2022, no cinema Estação Botafogo, e no qual o depoimento do sanitarista no filme foi recebido com aplausos da plateia. “Ivo está presente em coisas vivas, nos projetos em curso. E agora numa árvore, que traz a ideia de vida, que floresce. De forma simbólica, ele estará sempre presente na instituição”.

A esposa de Antonio Ivo, Ana Furniel, também trabalhadora da Fiocruz, na VPEIC, destacou, além da ousadia, a sensibilidade do sanitarista. “Se aprendi alguma coisa com ele foi que, para fazer valer a pena nossa passagem por aqui, temos que fazer algo pelo outro”, disse Ana, lendo em seguida o Soneto do amor total, de Vinicius de Moraes.

“A memória é elo”, definiu Maria Souto de Carvalho, filha de Antonio Ivo – ao lado dos dois outros filhos do sanitarista, Letícia e João Rodrigo, do neto Inácio e de Guilherme, filho de Ana Furniel. Ela citou um trecho do livro Notas sobre o luto, de Chimamanda Adichie: “Eu sou filha do meu pai. É um ato de resistência e uma recusa: é a dor lhe dizendo que acabou, e o seu coração dizendo que não”.

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Placa em homenagem a Antonio Ivo de Carvalho, na lateral da Ensp (foto: Virgínia Damas/Ensp/Fiocruz)