Agenda da Saúde Global 2025: A 78ª Assembleia Mundial da Saúde
A 78ª Assembleia Mundial da Saúde (AMS), realizada em Genebra, de 19 a 27 de maio de 2025, foi um encontro de grande envergadura, que congregou os ministros e autoridades de saúde de todo o mundo para abordar os desafios mais prementes da saúde global. Com o tema "Um Mundo para a Saúde", o evento foi marcado por uma série de discussões cruciais, com a aprovação de um histórico Acordo sobre Pandemias no centro das atenções, mas abrangendo uma vasta gama de tópicos essenciais para o bem-estar da humanidade.
O acesso às principais decisões e resoluções adotadas pelo colegiado mundial de ministros, assim como documentos de informações e outros documentos, encontra-se em: https://apps.who.int/gb/e/e_wha78.html. Por outro lado, para assistir todas as discussões completas, com áudio elegível em qualquer dos seis idiomas oficiais das Nações Unidas, acesse: https://www.who.int/about/governance/world-health-assembly/seventy-eighth
Antes de passar a comentários mais específicos sobre a agenda da saúde global deve-se registrar ausência da delegação dos Estados Unidos, coerente com o anúncio de retirada do país da OMS pelo atual governo. Durante a Assembleia, a Argentina fez saber que também se retirará da organização.
O Acordo sobre Pandemias: A resposta global à COVID-19
O ponto mais alto da 78ª Assembleia foi, sem dúvida, a adoção do Acordo Pandêmico da OMS (WHO Pandemic Agreement), um instrumento jurídico internacional negociado por mais de três anos sob o Artigo 19 da Constituição da OMS. Esta aprovação consensual representou um marco histórico, sendo apenas o segundo tratado de sua natureza na história da organização; o primeiro foi a Convenção-Quadro da OMS para o Controle do Tabaco.
A resolução WHA78.1 sobre o Acordo Pandêmico da OMS, aprovada na AMS, pode ser acessada em: https://apps.who.int/gb/ebwha/pdf_files/WHA78/A78_R1-en.pdf. A resolução e o Anexo com o Acordo, que a acompanha, é um documento de 35 páginas (na versão em inglês), com 15 itens (contendo subitens) na resolução; o Acordo tem 3 capítulos e 35 artigos correspondentes ao Acordo.
O cerne do acordo é a garantia de uma resposta mais equitativa e eficaz a futuras pandemias, buscando corrigir as profundas disparidades observadas durante a COVID-19. As principais disposições incluem:
- Acesso equitativo a produtos de saúde: O acordo visa assegurar que, em casos de pandemias, o acesso a vacinas, diagnósticos, tratamentos e equipamentos de proteção individual seja justo e universal. Uma proposta central é que os fabricantes de produtos pandêmicos reservem 20% de sua produção em tempo real para a OMS, a fim de serem distribuídos aos países de baixa e média renda.
- Soberania nacional e colaboração: A complexidade das negociações envolveu o equilíbrio entre a soberania dos Estados-membros e a necessidade de colaboração internacional. O texto final garante que "nada no Acordo da OMS sobre Pandemias deverá ser interpretado como autorização para que a Secretaria da Organização Mundial da Saúde (...) possa dirigir, ordenar, modificar ou prescrever, de qualquer forma, a legislação nacional e/ou interna". Esse aposto foi crucial para que se alcançasse o consenso entre as delegações.
- Mecanismo de financiamento coordenado: O acordo prevê o estabelecimento de um mecanismo de financiamento coordenado para apoiar o desenvolvimento, o fortalecimento e a manutenção de capacidades essenciais em países em desenvolvimento para a prevenção, preparação e resposta a pandemias.
- Rede global de cadeia de suprimentos e logística: Será criada uma rede para "melhorar, facilitar e trabalhar para remover barreiras e garantir o acesso equitativo e oportuno" a produtos de saúde relacionados a pandemias.
- Fortalecimento das capacidades nacionais: O acordo enfatiza a necessidade de apoiar os países no aprimoramento de seus sistemas de vigilância, laboratórios e equipes de resposta rápida, além de promover a pesquisa e o desenvolvimento de contramedidas.
Emendas ao Regulamento Sanitário Internacional (RSI): Além do Acordo, foram aprovadas emendas ao RSI (2005), que introduzem uma definição de "emergência pandêmica" para acionar uma colaboração internacional mais efetiva, além de fortalecer a cooperação e a equidade no acesso a produtos médicos e financiamento.
Saúde e mudanças climáticas: uma resposta conjunta
A Assembleia Mundial da Saúde reconheceu a crise climática como um dos maiores desafios para a saúde pública global. O Brasil assumiu um papel de liderança, apresentando uma proposta para um Plano de Ação de Belém para a Adaptação do Setor Saúde às Mudanças Climáticas. Essa iniciativa será crucial para a COP30, que ocorrerá em Belém, em 2025, e busca:
- Preparação de sistemas de saúde: Desenvolver e fortalecer os sistemas de saúde para lidar com os impactos diretos e indiretos das mudanças climáticas, como ondas de calor, inundações, secas e a proliferação de doenças transmitidas por vetores.
- Atenção a populações vulneráveis: Priorizar a adaptação em regiões e comunidades mais suscetíveis aos efeitos das mudanças climáticas, especialmente as populações mais pobres e os países em desenvolvimento.
- Ação multilateral: O Brasil convocou os países a se unirem em um "mutirão global" para essa adaptação, reforçando a importância do multilateralismo e da colaboração.
Desafios e oportunidades de financiamento da OMS
O financiamento da saúde global e, em particular, da própria OMS, foi um tema de intensa discussão. A organização enfrenta um déficit orçamentário considerável, estimado em US$ 600 milhões, com previsão de cortes de 21% em seu orçamento nos próximos dois anos. Essa situação, em parte devido a cortes de financiamento de grandes doadores como os Estados Unidos, gera preocupações sobre a capacidade da OMS de cumprir sua missão.
- Impacto nos serviços: A falta de recursos pode levar à interrupção de programas essenciais e à redução de equipes, afetando milhões de pessoas, especialmente em países em desenvolvimento.
- Busca por sustentabilidade: A Assembleia buscou estratégias para fortalecer o financiamento sustentável da OMS, incluindo apelos a um aumento nas contribuições obrigatórias dos Estados-membros e a diversificação das fontes de receita.
- Rodada de investimento da OMS: Eventos de alto nível foram realizados para angariar fundos como parte da Rodada de Investimento da OMS, visando apoiar o 14º Programa Geral de Trabalho (GPW 14), que contém a estratégia de saúde global da organização para 2025-2028.
Registre-se aqui que durante a Assembleia, em 21/05, a China anunciou a doação de USD 500 milhões à OMS, em um gesto calculado para reforçar sua presença na governança global e preencher o vazio deixado pelos Estados Unidos, que se retiraram do organismo por determinação do presidente Donald Trump.
Fortalecimento dos Sistemas de Saúde e Cobertura Universal de Saúde (CUS)
A Cobertura Universal de Saúde (CUS) permaneceu como uma prioridade fundamental. As discussões se concentraram em:
- Atenção Primária à Saúde (APS): O papel central da APS como base para sistemas de saúde resilientes e equitativos foi reiterado, com foco na sua integração com tecnologias digitais e na ampliação do acesso.
- Financiamento da saúde: A necessidade de fortalecer o financiamento da saúde em nível global e nacional para alcançar a CUS foi um tema recorrente, com discussões sobre estratégias de mobilização de recursos e otimização do uso dos fundos existentes.
- Participação social em saúde: O modelo brasileiro de participação social no SUS foi apresentado como exemplo da importância de incluir a perspectiva de gênero, raça e etnia nos mecanismos de participação para garantir a equidade e fortalecer a governança em saúde.
Outros temas abordados[1]
A agenda da 78ª Assembleia foi abrangente, incluindo uma série de outros temas cruciais para a saúde global:
- Resistência Antimicrobiana (AMR): Discussões sobre a crescente ameaça da AMR e a necessidade de uma abordagem multissetorial para combater a disseminação de superbactérias.
- Doenças Não Transmissíveis (DNTs) e Saúde Mental: A integração da prevenção e tratamento de DNTs e condições de saúde mental na CUS foi enfatizada, incluindo o acesso a medicamentos essenciais, diagnósticos e cuidados paliativos. A obesidade foi destacada como uma pandemia que exige uma resposta global acelerada.
- Força de Trabalho em Saúde: A Assembleia abordou os desafios relacionados à força de trabalho em saúde, incluindo a escassez de profissionais, a distribuição desigual e a necessidade de investimento em educação e treinamento.
- Nutrição: Foram apresentadas resoluções sobre a extensão do Plano de Implementação Abrangente sobre Nutrição Materna, Infantil e de Crianças Pequenas, e sobre a comercialização digital de substitutos do leite materno. A fortificação de alimentos para combater deficiências de micronutrientes também foi debatida.
- Doenças Transmissíveis: Continuaram as discussões sobre a eliminação de doenças como o sarampo e a poliomielite, além da prevenção e controle de outras doenças infecciosas.
- Qualidade e Segurança de Produtos Médicos: A questão de produtos médicos de qualidade inferior e falsificados, bem como a padronização da nomenclatura de dispositivos médicos, foram temas de discussão para garantir a segurança dos pacientes.
- Saúde Materna, Infantil e do Adolescente: Incluindo a decisão sobre o Dia Mundial da Prematuridade e a atenção contínua à saúde dessas populações.
- Saúde Ocular, Renal e Dermatológica: Discussões sobre o fortalecimento da atenção e dos serviços para estas condições específicas.
- Exposição ao Chumbo: Esforços globais para um futuro livre de chumbo, abordando os impactos na saúde.
- Saúde e Conflitos: A Assembleia também tocou em temas sensíveis como os efeitos de uma guerra nuclear na saúde pública e a politização da saúde em contextos de conflito.
- Saúde na Agenda 2030: Informe do DG sobre o atraso no alcance das metas do ODS 3 e recomendações aos países
Informes de progressos
Diversas políticas definidas em anos anteriores continuam em vigor na agenda da saúde global. O Secretariado proporcionou à Assembleia “informes de progressos” em torno das políticas relacionadas abaixo, estabelecidas nas respectivas resoluções e ano em que foram estabelecidas. Para conhecer as respectivas avaliações acessar: https://apps.who.int/gb/ebwha/pdf_files/WHA78/A78_34Rev1-en.pdf
A. Fortalecimento da capacidade diagnóstica (resolução WHA76.5 (2023)
B. [o assunto relevante deve ser considerado no âmbito do Pilar 3 como relatório “O”]
C. Cuidados integrados de emergência, críticos e cirúrgicos para cobertura universal de saúde e proteção contra emergências de saúde (resolução WHA76.2 (2023)
D. Estratégia global para prevenção e controle de infecções (resolução WHA75.13 (2022)
E. Fortalecimento da produção local de medicamentos e outras tecnologias em saúde para melhorar o acesso (resolução WHA74.6 (2021)
F. Erradicação da dracunculose (resolução WHA64.16 (2011)
G. Ação global sobre segurança do paciente (resolução WHA72.6 (2019) e decisão WHA74(13) (2021)
H. Aprimoramento da biossegurança laboratorial (resolução WHA58.29 (2005)
I. Erradicação da varíola: destruição da varíola Estoques de vírus (resolução WHA60.1 (2007)
J. Estratégia global da OMS sobre saúde, meio ambiente e mudanças climáticas: a transformação necessária para melhorar vidas e bem-estar de forma sustentável por meio de ambientes saudáveis (decisão WHA74(24) (2021)
K. Plano de ação sobre mudanças climáticas e saúde em pequenos Estados insulares em desenvolvimento (decisão WHA72(10) (2019)
L. Ciências comportamentais para uma saúde melhor (resolução WHA76.7 (2023)
M. Acelerando a ação na prevenção global de afogamentos (resolução WHA76.18 (2023)
N. Plano de ação global da OMS para fortalecer o papel do sistema de saúde em uma resposta multissetorial nacional para combater a violência interpessoal, em particular contra mulheres e meninas, e contra crianças (resolução WHA69.5 (2016); e Acabar com a violência contra crianças por meio do fortalecimento dos sistemas de saúde e abordagens multissetoriais (resolução WHA74.17 (2021)
O. Ação global da OMS plano de promoção da saúde de refugiados e migrantes, 2019-2030 (resolução WHA76.14 (2023)
Fiocruz 125 Anos
Durante a 78ª Assembleia Mundial da Saúde, em Genebra, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) iniciou oficialmente as comemorações de seus 125 anos com um evento internacional de grande relevância, realizado paralelamente à Assembleia da Organização Mundial da Saúde (OMS). A celebração, que ocorreu no dia 20 de maio, reuniu autoridades globais, parceiros históricos e representantes de instituições científicas de todo o mundo, visando destacar o papel estratégico da Fiocruz na saúde global.
O evento, que teve como tema “Promovendo a equidade por meio da liderança científica”, serviu como plataforma para reafirmar o compromisso da Fiocruz com a construção de sistemas de saúde mais resilientes, inclusivos e baseados na ciência. O evento foi promovido em parceria e com apoio financeiro da Rede Pasteur, da UNITAID e da UN Foundation (Fundação das Nações Unidas). Inúmeros outros parceiros estiveram presentes, atendendo ao chamado de sublinhar a importância das parcerias globais e do multilateralismo tomando como exemplo a Fiocruz que tanto tem feito para enfrentar os desafios de saúde em escala mundial.
Destaques da comemoração
- Reconhecimento Internacional: A Fiocruz foi amplamente homenageada por sua trajetória de 125 anos como um pilar da saúde pública no Brasil e como uma referência global em pesquisa, desenvolvimento tecnológico, produção de insumos para a saúde e formação de recursos humanos. O ministro da Saúde do Brasil, Alexandre Padilha, enfatizou que "A Fiocruz é um patrimônio nacional que o Brasil se orgulha de compartilhar com o mundo", destacando marcos históricos da instituição, como a descrição do ciclo da doença de Chagas, o diagnóstico do primeiro caso de HIV/Aids no Brasil e o desenvolvimento1 de tecnologias inovadoras, como as vacinas de mRNA.
- Fortalecimento da Cooperação Sul-Sul: Um dos pontos altos da celebração foi a assinatura de um Memorando de Entendimento entre a Fiocruz e os Centros Africanos de Controle e Prevenção de Doenças (CDC África). Essa2 parceria estratégica representa um marco importante na cooperação Sul-Sul e simboliza o compromisso da Fiocruz em fortalecer a saúde pública nos países da União Africana. Essa colaboração se alinha com a recém-instituída Coalizão Global para Produção e Inovação Local e Regional, visando ampliar a capacidade de produção de insumos de saúde em regiões com maior necessidade.
- Multilateralismo e Parcerias Estratégicas: A celebração enfatizou o papel da Fiocruz em redes internacionais como a Rede Pasteur, a UNITAID e a UN Foundation. Essas parcerias são consideradas cruciais para o enfrentamento de crises sanitárias globais, como epidemias, pandemias e doenças negligenciadas, áreas em que a Fundação possui expertise reconhecida mundialmente. A presença da UN Foundation no evento reforça o alinhamento da Fiocruz com os objetivos das Nações Unidas para a saúde e o desenvolvimento sustentável.
- Legado e Futuro: O evento em Genebra não apenas celebrou o passado da Fiocruz, mas também projetou seu futuro, com um foco contínuo na ciência, na equidade e na inclusão. As discussões destacaram o legado da Fundação na identificação de riscos sanitários, prevenção de pandemias e fortalecimento de sistemas de saúde baseados em evidências. A abordagem colaborativa e o compromisso com a pesquisa e a inovação foram ressaltados como pilares para os próximos anos.
Também como parte da comemoração dos 125 anos da Fiocruz a revista científica The Lancet publicou um artigo intitulado "Um pilar da saúde pública brasileira: Fiocruz aos 125 anos". O artigo destaca a Fiocruz como uma instituição de notável importância para a saúde pública no Brasil e globalmente, em comemoração aos seus 125 anos de existência. Fundada em 1900, a Fiocruz tem sido fundamental para o avanço da compreensão das doenças infecciosas e para o desenvolvimento da saúde pública.
A publicação reconhece as contribuições significativas da Fiocruz ao longo de sua história, abordando seu pioneirismo na produção e inovação de vacinas, no controle de doenças e na vigilância epidemiológica, especialmente suas contribuições para populações vulneráveis. A Fiocruz é celebrada como um parceiro essencial para a saúde global, conforme também mencionado por autoridades internacionais durante a 78ª Assembleia Mundial da Saúde, em Genebra.
Mais detalhes sobre o artigo e seu contexto na Fiocruz estão disponíveis em:
- Autoridades da Saúde Global celebram os 125 anos da Fiocruz durante 78ª AMS
- Diretor-geral da OMS recebe a Fiocruz em reunião durante a 78ª AMS
No discurso de abertura da 78ª Assembleia Mundial da Saúde, o Diretor-Geral da OMS dr. Tedros Adhanom fez uma menção especial e destacada à Fundação Oswaldo Cruz. Em seu discurso, o DG da OMS elogiou o trabalho da instituição e, em um gesto de reconhecimento e carinho, expressou sua gratidão pela parceria da Fiocruz e a felicitou calorosamente pelos seus 125 anos, desejando "Happy birthday, Fiocruz" em português.
Eventos paralelos
A 78ª Assembleia Mundial da Saúde foi um evento multifacetado que buscou responder aos desafios de saúde complexos e interconectados da atualidade, reafirmando o compromisso global com a colaboração, a equidade e a construção de sistemas de saúde mais resilientes e centrados nas pessoas.
Um dos processos mais ricos que se desenvolvem nas Assembleias Mundiais da Saúde todos os anos são os eventos paralelos. Apresentamos abaixo alguns dos que foram realizados neste ano, organizados por temas principais:
1. Saúde Universal e Sistemas de Saúde - Universal Health Coverage (UHC)
- "Health without borders: Integrated primary healthcare for all" Local: Civil Society Networking Space. Este evento analisou como os sistemas de saúde podem ser integrados para atender às necessidades de populações vulneráveis, promovendo cobertura universal.
- "Advancing Universal Health Coverage in a Changing World: The Case for Gender-Responsive Health Systems" Local: Centre de Confe5rence de Varembe. Teve foco em sistemas de saúde sensíveis ao gênero, essenciais para garantir equidade e inclusão.
- "Towards Universal Health Coverage: The Centrality of Public Financing of Health at Times of Crisis" Local: Palais des Nations. Abordou os desafios do financiamento público em tempos de crise, destacando a importância de estratégias sustentáveis.
2. Doenças Não Transmissíveis (NCDs) - Prevenção e Tratamento
- "Cardiovascular-kidney-metabolic diseases early diagnosis and treatment forum" Local: Intercontinental Hotel. Este fórum destacou a importância do diagnóstico precoce e intervenções para doenças crônicas.
- "Transforming the narrative: Chronic respiratory diseases in the HLM4" Local: Hilton Geneva Hotel & Conference Centre. Analisou as doenças respiratórias crônicas e sua inclusão nas discussões globais de saúde.
- "Leveraging Innovation for NCD Care: Policy, Systems, and Lessons from Oncology Leaders" Local: Novotel Geneva Centre. Explorou como inovações em oncologia podem ser aplicadas para melhorar o cuidado de NCDs.
3. Saúde Mental - Promoção e políticas
- "Mental Health for All: Global Action and Collaboration" Local: Four Seasons Hotel des Bergues Geneva. Evento crucial para discutir ações globais e colaboração em saúde mental.
- "Progress towards parity: Championing mental health within the global NCD debate" Local: Intercontinental Hotel. Destacou a integração da saúde mental nas discussões sobre doenças não transmissíveis.
4. Saúde Global e Pandemias - Preparação e resiliência
- "The New Face of Pandemic Preparedness" Local: Intercontinental Geneve Hotel. Analisou as novas abordagens de preparação às pandemias.
- "Building resilience: Local and regional approaches to pandemic preparedness and health security" Local: Permanent Mission of France. Discutiu as estratégias locais e regionais para fortalecer a segurança em saúde.
5. Saúde Infantil e Materna - Cuidados e inovação
- "Scaling up Midwifery Models of Care to Accelerate Maternal and Newborn Health" Local: Intercontinental Hotel. Promoveu modelos de cuidado para melhorar a saúde materna e neonatal.
- "Addressing pediatric non-communicable diseases: Building systems-based approaches in nutrition" Local: Hotel President Wilson. Explorou abordagens sistêmicas para melhorar a nutrição infantil.
6. Saúde Ambiental e Mudanças Climáticas - Impactos e soluções
- Evento sobre COP30: "Advancing Health and Climate Discussions Towards COP30: A Dialogue with the Baku Continuity Coalition" Local: Palais des Nations. Este evento promovido pelo Brasil analisou as ações precedentes e atuais sobre saúde e mudanças climáticas como preparativo das discussões para a COP30.
- "Pathways for action on clean air, climate and health" Local: Restaurant Vieux Bois. Discutiu ações para melhorar a qualidade do ar e mitigar os impactos climáticos na saúde.
- "Adapting to climate change to end infectious diseases" Local: Palais des Nations. Analisou como a adaptação climática pode ajudar a combater doenças infecciosas.
7. Medicamentos e Inovação - Acesso e transparência
- "Workplan for WHO and member states to improve the Transparency of the Value Chain for Biomedical Products” Local: International Museum of the Red Cross. Tratou da questão de maior transparência na cadeia de valor de produtos biomédicos.
- "Navigating evolving contexts: From local production to equitable access" Explorou estratégias para melhorar o acesso equitativo a medicamentos.
8. Saúde Tradicional - Integração e estratégias
- "Traditional Medicine: From Traditional Heritage to Frontier Science" Local: Palais des Nations. O papel da medicina tradicional na saúde global.
- "Improving UHC through the implementation of WHO Traditional Medicine Strategy 2025-2034" Local: International Conference Centre. Explorou como integrar a medicina tradicional na cobertura universal de saúde.
9. Saúde Digital - Tecnologia e governança
- "Overcoming Barriers to Digital Health: Protecting Human Rights and Preventing Online Harm" Local: Impact Hub. Este evento abordou os desafios da saúde digital, incluindo proteção de direitos humanos e mitigação de danos online.
- "Developing a Digital Health Investment Taxonomy: More Transparent and Accountable Funding to Support UHC" Local: Campus Biotech. Explorou como criar uma taxonomia de investimentos em saúde digital para garantir financiamento mais transparente e responsável.
- "Geneva Digital Health Day" Local: Campus Biotech. Um dia dedicado à saúde digital, com foco em inovação e colaboração global.
10. Doenças Tropicais Negligenciadas (NTDs) - Avanços e desafios
- "Neglected Tropical Diseases: Success Under Threat" Local: Palais des Nations, Room VII. Discute os avanços na eliminação de NTDs e os desafios que ameaçam o progresso.
- "Accelerating NTD Elimination through Country-Driven efforts and Cross-Border Collaboration" Local: Geneva Press Club. Foco em esforços liderados por países e colaboração transfronteiriça para eliminar NTDs.
11. Saúde e Direitos Humanos - Equidade e inclusão
- "Delivering UHC in an Era of Pushback Against Gender Equality & Human Rights" Local: Varembe Conference Centre. Explorou como os sistemas de saúde podem resistir ao retrocesso contra igualdade de gênero e direitos humanos.
- "Centering Human Rights to Address Alcohol Harm" Local: Palais des Nations. Abordou o impacto do álcool na saúde e como os direitos humanos podem catalisar ações globais.
12. Saúde e Nutrição - Soluções e políticas
- "From Vertical Nutrition Programs to Integrated Health Systems: Preventing Wasting Through UHC" Local: Civil Society Networking Space. Discutiu como integrar programas de nutrição em sistemas de saúde universais para prevenir desnutrição.
- "Malnutrition, the road to 2030: building on success, facing what's next" Local: Campus Biotech. Explorou estratégias para enfrentar a desnutrição e alcançar os objetivos de 2030.
Comentários finais
A 78ª Assembleia Mundial da Saúde (WHA78) continua oferecendo uma plataforma abrangente e única para discutir temas críticos de saúde global, desde cobertura universal até mudanças climáticas e saúde digital. O evento sobre COP30, "Advancing Health and Climate Discussions Towards COP30", foi particularmente relevante pela proximidade da COP30 e por conectar saúde e sustentabilidade, destacando a necessidade de ações integradas para enfrentar os desafios climáticos e seus impactos na saúde pública.
Além disso, os eventos sobre saúde mental, doenças não transmissíveis e saúde infantil e materna refletem a importância de abordar questões específicas que afetam populações vulneráveis. A inclusão de temas como saúde digital e medicina tradicional demonstra o compromisso da WHA78 em explorar soluções inovadoras e inclusivas.
As graves consequências sobre as guerras em curso também foram examinadas pelos ministros da saúde do mundo, por meio dos informes divulgados e debatidos sobre Gaza, Ucrânia e conflitos
A preocupação sobre os determinantes sociais da saúde e a Agenda 2030 estão no horizonte dos ministros, como se verifica pela divulgação do Relatório Mundial sobre os Determinantes Sociais da Equidade em Saúde e o documento de balanço sobre Saude na Agenda 2030.
Num momento de intensificação das dificuldades do multilateralismo, inclusive no âmbito da OMS, a Assembleia mostrou que a organização permanece dinâmica e disposta a continuar seu papel definido pela sua carta constitutiva que é servir à melhoria da saúde mundial por meio da cooperação entre seus Estados-membros.
Guto Galvão - Pesquisador sênior do CRIS/Fiocruz; Professor associado da Georgetown University, EUA
Paulo Buss- Professor Emérito da Fiocruz; Diretor do Centro Colaborador em Diplomacia da Saúde Global e Cooperação Sul-Sul da OMS/OPS na Fiocruz
Paula Reges- Médica infectologista do Instituto Nacional de Infectologia da Fiocruz; Pesquisadora do CRIS/Fiocruz
Luana Bermudez- visitante do CRIS/Fiocruz
[1] Ver: https://apps.who.int/gb/e/e_wha78.html