Relatório desmistifica relação entre migração e ameaças à saúde pública
Contrariando discursos populistas que atribuem aos movimentos migratórios a responsabilidade por ameaças sanitárias, desemprego e crise econômica, um relatório sobre as relações entre migrações e saúde pública divulgado no periódico The Lancet aponta que não há evidências científicas de que a migração afete negativamente as condições de saúde da população local. E, ainda, os migrantes mais contribuem para a riqueza das sociedades que os acolhem do que geram custos a estas.
O resultado do trabalho foi lançado em 17 de dezembro, na Reitoria da Universidade Federal da Bahia (UFBA), com a participação do reitor João Carlos Salles, do presidente da Academia de Ciências da Bahia (ACB), Jailson Andrade, e do professor aposentado da UFBA e coordenador do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs), Maurício Barreto. O pesquisador é o único brasileiro a integrar a Comissão UCL-Lancet em migração e saúde, grupo liderado por 20 pesquisadores de 13 países. O lançamento oficial do documento ocorreu no dia 8 de dezembro, na Conferência Intergovernamental da ONU para adotar o “Pacto Global para uma migração segura, ordenada e regular”, no Marrocos.
Segundo o estudo, 1 bilhão de pessoas migraram em 2018 em todo o mundo, a maioria trabalhadores e estudantes que contribuem para a economia local com o pagamento de impostos ou o custeio do próprio estudo: a cada aumento de 1% em migrantes na população adulta, aumenta o Produto Interno Bruto (PIB) por pessoa em até 2%.
A partir de estimativas de mortalidade em mais de 15,2 milhões de migrantes de 92 países, o trabalho aponta que estes apresentam menores taxas de morte por doenças cardiovasculares, digestivas, endócrinas, nervosas, respiratórias e neoplasias do que a população geral do país de acolhimento. As únicas duas exceções foram hepatite viral, tuberculose, HIV e causas externas, como agressão.
Clique aqui para ler o relatório na íntegra (em inglês).
Do observatório análise politica e saúde