A palavra é 'Advocacy': especialistas discutem estratégias para saúde pública
Para apresentar a prática política do advocacy e discutir sua importância no campo da Saúde pública, os especialistas João Telésforo e Gabriel Elias, da Plataforma Brasileira de Política de Drogas (PBPD), e Luciana Simas, da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), que participaram de seminário sobre o tema, em 27/05/2019, no Auditório do Museu da Vida na Fiocruz, gravaram um vídeo para o blog CEE-Fiocruz. A prática envolve estratégias de divulgação de resultados e de disseminação de dados encontrados, de modo a incidir sobre a opinião pública e tomadas de decisão.
João Telésforo destacou a relevância em compartilhar algumas experiências de advocacy na área da saúde, na interface com a política de drogas, trabalho que vem sendo realizado na Plataforma. “É preciso entender quais são as estratégias que vêm sendo utilizados nesse campo e os principais desafios frente aos retrocessos sofridos na política de saúde, em especial, na política de drogas”, destaca. “Na atual conjuntura, é um desafio inovar e renovar práticas e métodos”, observa.
Para Telésforo, o advocacy vai muito além de levar argumentos para os tomadores de decisão que estão nos poderes instituídos, como o Judiciário e o Legislativo. “Mais do que dialogar somente com tomadores de decisão do Estado, a comunidade científica pode e deve buscar o diálogo diretamente na sociedade e informar práticas obtendo aprendizado mútuo com essas práticas”, explica.
É preciso entender quais são as estratégias que vêm sendo utilizados nesse campo e os principais desafios frente aos retrocessos sofridos na política de saúde (João Telésforo)
A pesquisadora Luciana Simas observa a relevância em mobilizar ações na advocacy que sejam efetivas, e consigam de fato transformar a realidade da população. “É importante identificar público-alvo com quem queremos interagir, identificar objetivos de curto e longo prazo para trazer transformações à realidade de uma determinada população”, avaliou.
É importante identificar público-alvo com quem queremos interagir, e tentar transformar à realidade de uma determinada população (Luciana Simas)
Gabriel Elias trouxe a reflexão sobre a necessidade de discutir ações que afaste a política de drogas do direito penal e a aproxime do direito à saúde e dos direitos humanos. “Tentamos traduzir o conhecimento científico de grupos de pesquisa da plataforma e de movimentos populares para o poder público, na expectativa de garantir o respeito à saúde das pessoas e reduzir os danos causados pelo consumo de substâncias hoje consideradas ilícitas”, concluiu Gabriel.
É preciso garantir o respeito à saúde das pessoas e reduzir os danos causados pelo consumo de substâncias hoje consideradas ilícitas (Gabriel Elias)