CEE Podcast no 5º Congresso Brasileiro de Política, Planejamento e Gestão da Saúde da Abrasco

Publicado 13 Novembro 2024

Atualizado 5 meses ago

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Saúde digital no SUS, equidade, interseccionalidade e justiça social estiveram em debate no 5º Congresso Brasileiro de Política, Planejamento e Gestão em Saúde, da Abrasco, realizado de 3 a 6 de novembro de 2024, em Fortaleza no Ceará.

Em entrevista para o CEE Podcast, a pesquisadora do projeto integrado Futuros da Proteção Social do CEE-Fiocruz, Sonia Fleury destacou, após sua apresentação na mesa, Saúde global, neofascismo e a perspectiva decolonial para saúde coletiva, a preocupação com o atual cenário político no Brasil e no mundo, e enfatizou que somente a partir da construção do comum, da solidariedade e da justiça social derrotaremos o medo e o ódio incentivados por governos extremistas. “O nosso afeto não pode ser o ódio", disse Sonia ao lembrar que em tempos sombrios a esperança venceu medo. "É preciso esperançar, essa é a palavra de ordem", refletiu.

Sonia Fleury: É preciso construir uma nova correlação de forças, a partir da construção do comum, da solidariedade e da justiça social

No mesmo painel, participaram os pesquisadores Luis Eugênio de Souza e Mateus Brito, ambos da Universidade Federal da Bahia.

Para Eugênio, as forças hegemônicas dentro da saúde global são colonizadoras e apresentam como alternativa para a situação de saúde dos povos periféricos, abordagens meramente tecnocráticas, desde que isso contribua para manter a estrutura social de poder e riqueza concentrada. "Mas, a saúde global é permeável à participação de outros atores políticos que defendem a equidade, a sustentabilidade ambiental, os direitos humanos", afirmou.

De acordo com Mateus Brito, os aspectos e consequências de uma sociedade racista traz a reflexão da importância de pensarmos a saúde global, também, a partir de uma perspectiva decolonial. "A descolonização dos sistemas de saúde, no campo da saúde global, tem sido colocada como uma esperança e uma perspectiva para que no futuro todas as pessoas tenham de fato acesso à saúde como direito", enfatizou.

Luis Eugênio: ‘Saúde global é um campo de disputa política, no qual, movimentos sociais que comungam dos princípios da liberdade, da igualdade e da solidariedade, precisam atuar

Mateus Brito: ‘Uma estrutura social racista, atravessada pela colonialidade, interfere negativamente na saúde’

Na mesa, Decifra-me ou te devoro: a crise climático-ambiental, territórios e povos vulnerabilizados, o pesquisador da Universidade Federal do Espírito Santo, Victor de Jesus explicou como o entendimento sobre a interseccionalidade nos faz compreender o racismo ambiental, a partir da reflexão de que diferentes grupos, sofrem de um modo diferenciado, determinadas vulnerabilidades ambientais. "O racismo ambiental traz uma relação direta entre classe e raça, isso porque historicamente eram justamente nos territórios pobres e negros racializados, inclusive latinos, que as empresas escolhiam lançar seus resíduos tóxicos especificamente nos territórios dessas populações vulnerabilizadas", lamentou.

Victor de Jesus: ‘A interseccionalidade é a possibilidade de olhar como diferentes grupos sofrem de maneira específica determinadas vulnerabilidades ambientais’

Com o tema, Saúde digital nos estados nacionais: perspectivas comparadas sul/sul, o pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, Marcelo Fornazin destacou a importância do desenvolvimento de tecnologias digitais que fortaleçam o SUS e que incorporem um olhar para a promoção da saúde, da cidadania e da participação social. “É importante pensar em tecnologias digitais que apoiem as equipes de saúde da família nos territórios, que tenha integração da vigilância com a assistência e a promoção da saúde e que sejam, de fato, aderentes ao nosso sistema único de saúde”, enfatizou.

Marcelo Fornazin: ‘As tecnologias devem ser desenvolvidas a partir do arcabouço legal e princípios do SUS’

Para refletir sobre Estado, dependência e economia política da saúde no brasil, a pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Ligia Bahia e o pesquisador Gustavo Matta, do projeto integrado Núcleo de Estudos e Pesquisas Interdisciplinares sobre Emergências em Saúde Pública (Niesp) do CEE-Fiocruz, destacaram em suas falas a importância do debate em torno do fortalecimento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde e do fortalecimento da soberania nacional a partir da pesquisa, indústria e inovação.

Ligia Bahia: O Complexo Econômico-Industrial da Saúde é uma importante política de fortalecimento da soberania nacional

Gustavo Matta: É importante discutir o aprofundamento sobre a economia política da saúde, transformando as relações entre demanda e oferta, ampliando a oferta do SUS

Com o tema: Política, Saberes e Práticas: Resistência e Insurgência no Enfrentamento das Iniquidades em Saúde, o 5º PPGS sintetizou carta com os principais pontos debatidos e pleteados pelos congressistas para a Saúde Coletiva, na área de Politica, Planejamento e Gestão. Acesse a carta na íntegra aqui.

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