Bioimpressão 3D/4D nas áreas médica e biomédica: antecipando demandas de saúde pública
Nas próximas duas décadas, inovações derivadas da Engenharia de Tecidos, viabilizadas pelas tecnologias de impressão 3D e 4D, deverão levar a mudanças radicais nos campos médico e biomédico e na sociedade como um todo. Os resultados são do estudo Foresight em 3D/4D bioprinting, desenvolvido por Fabio Mota e Luiza Braga, pesquisadores da área de estudos prospectivos do Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz (CEE-Fiocruz). O estudo teve por objetivo gerar informação qualificada sobre o futuro dessas tecnologias, enfatizando a produção de tecidos e órgãos humanos para implante, pesquisa e testes de toxicidade.
Segundo Fabio, no futuro, as tecnologias de bioimpressão poderão levar à eliminação do problema da escassez de órgãos para doação. “Imagine a seguinte situação: um paciente necessita substituir um órgão doente ou lesionado. O médico então envia uma amostra das células desse paciente para uma empresa produtora de tecidos e órgãos. Alguns dias depois, um órgão humano funcional chega ao hospital para ser implantado. Uma vez que o órgão foi produzido a partir das próprias células do paciente, não deverá haver resposta imune e rejeição”, explica o pesquisador. “Espera-se, dessa forma, um forte impacto sobre a qualidade de vida do paciente, uma vez que, por exemplo, não precisaria tomar medicamentos imunossupressores”.
Outra novidade do estudo aponta para a substituição de animais em pesquisa em até 20 anos. “Uma vez que animais não são considerados bons preditores de toxicidade em humanos, acredita-se que a sua substituição por modelos de tecidos e órgãos humanos levará, por exemplo, ao aumento das taxas de sucesso de candidatos a novas drogas. Isso, uma vez que se espera a eliminação da reação adversa aos medicamentos”, observa o pesquisador.