Seminário internacional discute o desafio da retirada das drogas psiquiátricas
Formados em grande medida sob influência da indústria farmacêutica, os médicos prescrevem medicamentos psiquiátricos, mas não sabem como desprescrever, isto é, como promover a retirada dos medicamentos. O tema estará no centro das discussões do 8º Seminário Internacional A Epidemia das Drogas Psiquiátricas, que será realizado nos dias 5 e 6 de dezembro no auditório da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz (ENSP/Fiocruz). O evento é promovido pelo Laboratório de Estudos e Pesquisas em Saúde Mental e Atenção Psicossocial da Ensp, em parceria com o Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz Antônio Ivo de Carvalho (CEE Fiocruz), o Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes), a Associação Brasileira de Saúde Mental (Abrasme) e a Capes. Com a presença de convidados nacionais e internacionais, o seminário será transmitido, ao vivo pelo Youtube, em inglês, espanhol, português e Libras. Quem estiver interessado em participar deve preencher o formulário eletrônico para inscrição.
De acordo com o pesquisador sênior do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Saúde Mental e Atenção Psicossocial (Laps/Ensp/Fiocruz) e do CEE-Fiocruz), Paulo Amarante, coordenador do Seminário, os medicamentos psiquiátricos causam dependência química, que pode ser mais grave, mais severa e mais difícil de ser enfrentada, do que a do álcool, por exemplo. “Uma dependência gravíssima e de difícil tratamento e resolução. Com síndromes de abstinência variadas, com várias conformações, de acordo com o tipo de medicamento”, avalia. Diante dessa situação, destaca Paulo. “o evento foi organizado de forma a discutir as dificuldades e desafios no processo desmedicalização e desprescrição”.
Da promessa de felicidade à dependência química
Ao comentar a trajetória das drogas psiquiátricas, Paulo Amarante diz que elas foram muito bem recebidas, no final dos anos 80, principalmente com a descoberta do Prozac, reconhecido como a droga da felicidade. A partir do Prozac, várias outras drogas vieram. “A indústria farmacêutica entrou pesado no campo dos transtornos mentais. Aumentaram os transtornos de acordo com a classificação do Manual Diagnóstico e Estatístico de Distúrbios Mentais (DSM), da Associação Americana de Psiquiatria”, explica Paulo. E isso, de acordo com sua avaliação, começou a criar um outro cenário, que levantou críticas.
Paulo cita a médica Marcia Angell, que em seu livro A verdade sobre os laboratórios farmacêuticos, denuncia várias distorções da indústria farmacêutica, desde a invenção de doenças, para aumentar o consumo de medicamentos, até a manipulação de resultados de pesquisas. Ele sublinha, ainda, a corrupção institucional, envolvendo médicos, associações, projetos de educação continuada, “que, na verdade, são projetos de atualização para que se superem os medicamentos mais antigos e mais baratos”, diz.
Paulo ressalta a importância de se promover uma nova formação dos médicos para ensiná-los como fazer a retirada das drogas psiquiátricas. “Não basta suspender o medicamento, é até perigoso; não é correto também usar dia sim, dia não, fracionar os comprimidos, enfim, é muito complexo”, considera.
Paulo Amarante integra o Instituto Internacional para Retirada das Drogas Psiquiátricas, composto por pesquisadores como Robert Whitaker, autor premiado com o livro Mad in America, que deu origem ao trabalho hoje desenvolvido no site Mad in Brasil. Robert é autor, também, do livro premiado Anatomia de uma epidemia, publicado pela editora Fiocruz, e recentemente publicou A psiquiatria sob influência e corrupção institucional, já com grande repercussão na Europa.
Conhecedor das experiências internacionais em saúde mental e reforma psiquiátrica, Robert Whitaker é um dos palestrantes do seminário e falará da importância, originalidade e pioneirismo da Reforma Psiquiátrica Brasileira.
Será apresentado no evento um capítulo do livro Desmedicar – a luta global contra a medicalização da vida, que Robert Whitaker assina com Paulo Amarante, Anatomia de uma indústria: comércio, pagamentos a psiquiatras e traição ao bem público.
Estarão presentes nas mesas de debates, ainda, outros pesquisadores voltados aos estudos da medicalização e patologização, como Marcio Ferraz, da Uerj; Mariama Furtado, do Instituto Epokhé (RJ); Artur Cardoso, da Universidade Federal da Paraíba, Tiago Pires Marques da Universidade de Coimbra (Portugal), Andrés Techera (Universidade da República Uruguai) e Michael Pascal Hengartner, da Universidade de Zurich, especialista na discussão da dependência química causada pelos antidepressivos e na metodologia de retirada, entre outros. A abertura contará com a presença da Coordenadora do Laps e presidente da Abrasme, Ana Paula Guljor e de Paulo Amarante.
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