10 anos do Projeto Elsa Brasil: a saúde do adulto começa na infância

10 anos do Projeto Elsa Brasil: a saúde do adulto começa na infância

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O projeto Elsa Brasil, Estudo Longitudinal da Saúde do Adulto, completou dez anos em novembro de 2018, festejando o alcance de sua meta inicial para essa primeira década de trabalho. Mais de 15 mil participantes são acompanhados pelo projeto, que tem equipes em seis estados brasileiros. Os resultados alcançados até o momento já foram divulgados em 227 artigos, em revistas científicas nacionais e internacionais. A maioria dos textos abordaram o estado de saúde dos participantes no início do estudo e os fatores a ele associados. O projeto realiza-se com apoio financeiro e político dos ministérios da Saúde e da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.

A proposta é monitorar por 20 anos esses participantes – funcionários e docentes do setor público, homens e mulheres, entre 35 e 74 anos. Conforme registrou o Comitê Diretivo do Elsa-Brasil no site do projeto, é essencial que sejam realizados estudos de longo prazo como esse. “A maioria das conquistas e do conhecimento que fizeram avançar a saúde nos séculos 20 e 21 foram geradas por estudos longitudinais de longa duração”.

Ao longo do estudo, foi possível observar que “a saúde do adulto começa na infância”, indicando que as desigualdades em saúde iniciam muito cedo na vida, conforme aponta o relatório divulgado no site.

O blog do CEE-Fiocruz lista abaixo alguns resultados alcançados até o momento, extraídos da publicação:

- Em relação à posição socioeconômica, cerca de 49% dos participantes alcançaram posição superior à de seus pais, tendo portanto ascendido socialmente, enquanto para 32% a condição mostrou-se inferior. Esses apresentaram chance maior de diabetes, aterosclersoe e aumento de níveis de pressão arterial.

- A discriminação racial é uma fonte importante de estresse crônico. Os que se declararam pretos apresentaram pior função renal e frequência cardíaca mais alterada.

- A percepção de insegurança e violência no ambiente de moradia associou-se à menor prática de atividade física.

- O consumo de sal entre participantes está em torno de 10,5 gramas, o dobro do recomendado pela Organização Mundial da Saúde.

- Os alimentos industrializados (ricos em calorias e aditivos e pobres em nutrientes) contribuíram com 23% do consumo calórico dos participantes – percentual inferior ao dos países mais ricos.

- O maior consumo de alimentos processados foi associado a sobrepeso e obesidade.

- A atividade física no lazer mostrou-se melhor para a saúde cardiovascular do que a atividade física no deslocamento (de casa para o trabalho, por exemplo).

- Homens precisam de atividades físicas mais intensas do que as mulheres para garantir proteção cardiovascular.

- Após um ano sem tabagismo, o nível de inflamação sistêmica crônica – condição precursora de doenças como diabetes, as cardiovasculares e câncer – atingiu o nível dos que nunca fumaram.

- Trabalhadores expostos a maior estresse no trabalho apresentaram maior gordura corporal, pressão arterial mais elevada, mais comportamentos de risco como fumar e inatividade física no lazer.

- O desequilíbrio entre demandas familiares e profissionais e a falta de tempo para o cuidado pessoal foram associados a ocorrência de enxaqueca, especialmente entre mulheres, e pior autoavaliação da saúde.

O relatório destaca, ainda, o potencial do projeto Elsa de gerar evidências robustas para subsidiar a elaboração de novas diretrizes para o cuidado em saúde.

Acesse o site do projeto Elsa e a íntegra do relatório aqui.