Guia mostra como construir mapas de desigualdades para municípios brasileiros
Do site do Observatório de Análise Política em Saúde
Identificar o nível da desigualdade em cada município e como esta se manifesta não só na distribuição de renda, mas no acesso a serviços básicos de saúde e educação, na oferta de equipamentos esportivos e culturais, no tempo médio de vida da população e em áreas como transporte, segurança e habitação. Este é o objetivo do Guia Orientador para Construção de Mapas da Desigualdade nos Municípios Brasileiros, documento produzido pela Rede Nossa São Paulo e o Programa Cidades Sustentáveis para estimular cidades, gestores e sociedade a reunir indicadores e elaborar seus próprios desigualtômetros.
“No Brasil, lidamos diariamente com o abismo que separa regiões extremamente pobres de lugares que apresentam índices de países desenvolvidos. É como se Japão e Serra Leoa convivessem lado a lado, inseridos no mesmo território. Isso também acontece em escala menor, dentro da mesma cidade. No município de São Paulo, por exemplo, 31 distritos (de um total de 96) não têm sequer um leito hospitalar. Em 34, não há parques; em 36, não há bibliotecas. Quem mora em Cidade Tiradentes, na zona leste da capital paulista, tem tempo médio de vida de 53,85 anos; no Alto de Pinheiros, zona oeste, esse índice é de 79,67 anos”, mostra o documento, que apresenta análises produzidas a partir de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e de relatório da Receita Federal, com base no Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) de 2014.
A metodologia apresentada utiliza um conjunto de indicadores relacionados aos diferentes aspectos que influenciam a qualidade de vida das pessoas com o objetivo de apontar as diferenças entre as melhores e piores regiões analisadas e viabilizar o mapeamento das mais carentes em serviços e infraestrutura. A ferramenta é aplicada há cinco anos em São Paulo e, no último ano, foi utilizada também no Distrito Federal e na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. “Essas e muitas outras informações reforçam a importância do enfrentamento à desigualdade na esfera pública e a necessidade de políticas que priorizem os investimentos nos locais que mais precisam de recursos”, aponta o guia.