'Estamos vendo o desmonte de um projeto nacional e a aceitação de posição subalterna na economia mundial'
Os países não centrais na divisão internacional do trabalho precisam adotar políticas de reposicionamento na economia mundial – os projetos nacionais de desenvolvimento – para assegurar a criação e redistribuição de riqueza, bem como a melhoria nas condições de vida das suas populações. Essa análise é do professor Luis Fernandes, do Instituto de Relações Internacionais da PUC-Rio e ex-presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), que conversou com o blog do CEE-Fiocruz após participar do debate Desenvolvimento – Ideias para um projeto nacional, da série Futuros do Brasil.
Segundo Luis Fernandes, no ínicio do século XXI, houve no Brasil uma tentativa de reposicionamento nacional que procurou se adaptar ao movimento de crescente financeirização dos processos de acumulação e ao advento da sociedade do conhecimento, que colocou a ciência e tecnologia no centro das cadeias de agregação de valor. “O fortalecimento dos bancos públicos e de empresas públicas como instituições estruturadoras de cadeias nacionais de agregação de valor puderam situar de melhor maneira o Brasil na economia mundial, gerando riqueza que pudesse ser redistribuída dentro da sociedade brasileira”, afirma.
No entanto, entre as principais limitações do modelo esteve a ausência de uma reforma do Estado mais ampla. “Nós ainda ficamos com um estado bipolar – por um lado, fomentando políticas de desenvolvimento e cadeias produtivas nacionais; por outro, se limitando a repassar via dívida pública riqueza da sociedade para o capital financeiro e para a atividade de especulação financeira”, analisa Luis Fernandes. “Essa lição certamente servirá como base para a retomada do projeto nacional que se imporá como uma necessidade para o país dentro de pouco tempo”.
Assista ao vídeo!
Clique aqui para assistir à íntegra do debate Desenvolvimento – Ideias para um projeto nacional, realizado em 26/10/2016, com Luis Fernandes (PUC-Rio) e e Carlos Grabois Gadelha (Fiocruz).