Como a saúde pode ser o grande motor da recuperação econômica do país
Do GGN
Em entrevista ao GGN, o pesquisador Carlos Gadelha, coordenador das Ações de Prospecção da Fiocruz conta como foi montado o programa de articulação de todas as áreas do governo em torno do complexo da saúde. E fala da importância de ressuscitar o conceito da saúde universal e da possibilidade do complexo da saúde se transformar na grande alavanca para a próxima etapa do desenvolvimento nacional.
Ao lado de José Gomes Temporão, ambos da Fiocruz, Carlos Gadelha ajudou a montar o mais completo programa de política industrial do país. Com visão de economia, mercado e saúde, ambos desenvolveram as ideias centrais do Programa de Desenvolvimento Produtivo (PDP) destinado a desenvolver uma capacidade nacional de produção para a saúde, criando uma vocação industrial para o país e atendendo às demandas da população. O país poderia ter se convertido no maior fornecedor das chamadas indústrias de bem estar para os demais países baleia e, ao mesmo tempo, atender à sua população.
O programa esbarrou em órgãos de controle despreparados e na criminalização de qualquer iniciativa visando a produção interna. Chegou-se ao cúmulo de denunciar membros do programa pela compra de vacinas do Instituto Butantã, pelo menor preço de mercado da época, apegando-se a meras burocracias. Não fosse a coragem dos funcionários públicos, de enfrentar até ameaça de prisão, o Brasil não teria condições de produzir as 75 milhões de vacinas contra a gripe, essenciais para separar a gripe do coronavirus.
Quando o programa entrou na fase de produção de equipamentos, fornecedores internacionais recorreram à indústria da anticorrupção para destruí-lo. O programa abrir espaço para a fabricação interna de equipamentos, incluindo os respiradores. Senadores resolveram denunciar o programa para o TCU, pelo fato de privilegiar empresas nacionais. O programa acabou suspenso.
Publicado no GGN em 28/03/2020.
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