Luiz Antonio Santini recebe título de Professor Emérito da UFF e defende cooperação como caminho para o conhecimento
Com uma carreira marcada pela dedicação à ciência, à saúde pública e ao ensino, o médico e professor Luiz Antonio Santini, pesquisador do Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz (CEE-Fiocruz), foi homenageado com o título de Professor Emérito pela Universidade Federal Fluminense (UFF), em cerimônia realizada no dia 25 de junho de 2025.
A homenagem foi aprovada por unanimidade pelo Conselho Universitário da instituição, em reconhecimento à trajetória de Santini, de mais de cinco décadas dedicadas à saúde, à educação e à ciência no Brasil.
Ao discursar em nome dos colegas também homenageados, Santini destacou o valor coletivo do mérito acadêmico e fez uma reflexão sobre o papel da universidade na formação humana e na resistência democrática. “Considero-me parte de uma geração privilegiada. Somos a única geração na história da humanidade a desfrutar, em vida, da cultura de três séculos”, afirmou, referindo-se à possibilidade de convívio também com aqueles que viveram no século XIX.
Hoje à frente do projeto de pesquisa Doenças Crônicas e Tecnologias de Saúde do CEE, ao lado do ex-ministro José Gomes Temporão, o médico mencionou, ainda, sua formação na UFF, ressaltando o contexto histórico de construção da universidade e os desafios enfrentados durante o regime militar. Segundo ele, a instituição foi um espaço fundamental de resistência cultural e política. “Tivemos o privilégio de vivenciar o momento ímpar da consolidação desta universidade, formando-nos ao mesmo tempo em que ela se formava. Outro momento privilegiado, que nos permitiu manter a esperança e a criatividade apesar, das terríveis e permanentes ameaças da ditadura à instituição, à cultura e, inclusive, à integridade física das pessoas, por meio da tortura, morte e desaparecimento, lembrou”.
Com 55 anos de atuação profissional, Santini destacou seu papel na construção de políticas públicas de saúde e no fortalecimento da UFF como centro de excelência, considerando-se “privilegiado” com a homenagem recebida, “ciente do grande número de colegas, professores, médicos, funcionários e alunos que, por sua atuação, mereceriam tanto, ou mesmo mais do que eu, este reconhecimento”.
Santini propôs uma reflexão sobre o conceito de mérito, evocando pensadores como Aristóteles, Confúcio e Baruch Espinoza. Para ele, o mérito não é um prêmio individual, mas um compromisso coletivo. “Esse título não é como um troféu, mas como um novo dever, daquele que, ao cruzar o rio, volta para ajudar os que ainda não atravessaram”.
Reforçando essa perspectiva, observou que o mérito não deve servir ao engrandecimento pessoal, mas à transformação coletiva. Inspirado por Espinoza, o professor lembrou que “a ação virtuosa, essa que permite o reconhecimento do mérito, é guiada pela razão e pela necessidade e não pelas paixões e pelos desejos”.
Ao encerrar sua fala, Santini agradeceu a todos que contribuíram para sua trajetória e lançou um convite à reflexão coletiva sobre “a importância da cooperação como ferramenta indispensável para o conhecimento”, destacando a urgência de se construírem pontes em tempos de “violência e intolerância generalizadas”. E concluiu: “Sigamos, portanto, cultivando o mérito, que não brilhe para si, mas que ilumine o caminho para outros”.
Luiz Antonio Santini. Foto: Fabíola Vanessa SCS - UFF