Eventos extremos de 2023 sugerem grande mudança no sistema climático global, mostra estudo
Concentrações de gases de efeito estufa, temperatura na terra e no mar, nível marítimo e conteúdo de calor dos oceanos atingiram recordes históricos ano passado. Publicado no ClimaInfo
Já não é novidade que o ano passado foi marcado pelas maiores temperaturas já registradas no planeta. No entanto, o relatório State of the Climate 2023 alerta que as temperaturas globais dos oceanos muito acima dos recordes anteriores podem marcar uma “mudança de patamar” nas condições climáticas globais. A afirmação foi dada ao Inside Climate News por Boyin Huang, pesquisador da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA) que trabalhou na seção de oceanos do relatório.
Em 2023, as camadas de nuvens refletoras de calor da Terra diminuíram para a menor extensão já registrada. Cerca de 94% de todas as superfícies oceânicas experimentaram uma onda de calor durante o ano. E em julho do ano passado, 7,9% das áreas terrestres atingiram um nível recorde de seca severa, lista o documento.
A causa raiz de tudo isso é o contínuo acúmulo de gases de efeito estufa, provenientes majoritariamente da queima de combustíveis fósseis, reitera o relatório. O documento detalha as concentrações recordes de CO2 atmosférico atingidas no ano passado.
A anomalia global média anual da temperatura da superfície do mar foi 0,13°C acima do recorde anterior, estabelecido em 2016. Parece pouco, mas é um salto muito grande para os oceanos, disse Huang, acrescentando que as ondas de calor marinhas foram excepcionalmente amplas e persistentes em muitas regiões.
O relatório também destacou a temporada severa de incêndios no Canadá, onde quase 155.000 km2 de floresta queimaram após a camada de neve do inverno derreter muito mais cedo do que em um ano normal. Com as condições de seca preexistentes, muitas florestas estavam “prontas” para pegar fogo.
O State of the Climate é uma revisão anual do clima liderada por cientistas da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) e publicada pelo Bulletin of the American Meteorological Society (BAMS). Ele se baseia nas contribuições de quase 600 cientistas de 60 países e fornece a atualização mais abrangente sobre os indicadores climáticos globais, eventos meteorológicos notáveis e outros dados coletados por estações de monitoramento ambiental e instrumentos localizados em terra, água, gelo e no espaço.
ClimaInfo, 28 de agosto de 2024.