Resiliência dos sistemas de saúde é tema da nova edição da revista Saúde em Debate, coordenada por pesquisadores da Ensp e do CEE-Fiocruz
O Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz Antonio Ivo de Carvalho (CEE-Fiocruz) publicou, em parceria com o Departamento de Ciências Sociais (DCS) da Ensp-Fiocruz, uma edição da Revista Saúde e Debate sobre a Resiliência dos sistemas nacionais de saúde. O pesquisador Alessandro Jatobá, coordenador do projeto integrado Tecnologia, Informação e Resiliência em Saúde Pública do CEE-Fiocruz, é um dos editores do número temático, em conjunto com Nilson do Rosário Costa (DCS/Ensp), Paulo Roberto Fagundes da Silva (DCS/Ensp) e Paulo Victor Rodrigues de Carvalho (CEE-Fiocruz).
Além de Jatobá, Carlos Gadelha, secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Complexo da Saúde do Ministério da Saúde e coordenador científico do CEE-Fiocruz, assina artigo na edição, lançada no dia 24 /3/2023. Gadelha é coautor, com Denílson Sant Ana Bastos, pesquisador de Farmanguinhos-Fiocruz, do ensaio A contribuição da logística para o fortalecimento da produção nacional e para o acesso universal no âmbito do SUS. No artigo, os autores buscaram “apontar os elementos essenciais da logística que contribuem para a promoção do acesso no contexto do sistema produtivo da saúde”.
Com vistas a “articular a produção nacional e reduzir a dependência externa para viabilizar o acesso universal e o fortalecimento do SUS em um contexto de pandemia e crise sanitária”, os autores ressaltaram a necessidade de “empreender esforços em pesquisas que incluam os atores do setor produtivo capazes de contribuir com a elaboração de políticas públicas na área da saúde”. E afirmam, ainda, que os elementos centrais da logística precisam ser ressaltados para o fortalecimento de uma agenda que articule o Complexo Econômico-Industrial da Saúde com o acesso.
Além da apresentação do número temático, Jatobá assina, com Nilson do Rosário Costa e Paulo Roberto Fagundes da Silva, o artigo original A avaliação de desempenho da atenção primária: balanço e perspectiva para o programa Previne Brasil e, com Paulo Victor Rodrigues de Carvalho, o ensaio Resiliência em saúde pública: preceitos, conceitos, desafios e perspectivas.
No primeiro texto, os autores descrevem e analisam a resposta dos governos municipais à diretriz do pagamento por desempenho na Atenção Primária à Saúde (APS), no triênio 2020-2022, por meio do programa Previne Brasil (PB), instituído pelo Ministério da Saúde em 2019. E concluem que “de modo geral, os resultados de cobertura pactuados no Previne Brasil são excepcionalmente baixos e especialmente indicativos de risco de epidemia por falha nas ações de vacinação”. Apontam, ainda, que “as decisões de implantação do pagamento por desempenho foram reiteradamente postergadas pelo Ministério da Saúde, favorecendo a desmobilização dos governos municipais no desenvolvimento das ações de APS”.
Já no ensaio, os autores apresentam conceitos essenciais sobre a resiliência em sistemas organizacionais complexos e exemplos de suas aplicações no campo da saúde coletiva. Destacam desafios e perspectivas para o desempenho resiliente do Sistema Único de Saúde (SUS), que ganharam enorme atenção na pandemia da Covid-19. Em seguida, os autores ressaltam a necessidade de mais pesquisas sobre diversos temas envolvendo a resiliência em saúde pública como forma de fortalecer a capacidade do SUS de enfrentar os desafios cotidianos e futuras crises sanitárias.
A equipe do Projeto Integrado Tecnologia, Informação e Resiliência em Saúde Pública do CEE-Fiocruz, em texto liderado pelo pesquisador Hugo Bellas, assina em colaboração com diversas instituições o artigo original Desempenho resiliente da longitudinalidade da atenção primária durante a pandemia da Covid-19: um estudo transversal em territórios vulneráveis do município do Rio de Janeiro.
O estudo avaliou a continuidade da atenção e do cuidado longitudinal das doenças crônicas não transmissíveis (hipertensão arterial sistêmica e Diabetes Mellitus) pelas unidades básicas de saúde de uma região vulnerável do município do Rio de Janeiro, durante a pandemia da Covid-19. “Os resultados da avaliação mostraram que as estratégias desenvolvidas pelo primeiro nível de atenção das unidades básicas de saúde do município foram efetivas para a redução de internações por essas enfermidades, demonstrando um desempenho resiliente”, concluem os autores, “apesar da interrupção total ou parcial da atenção às essas doenças durante a crise sanitária”.
“O lançamento, com o apoio do Centro Brasileiro de Estudos em Saúde (Cebes), do número temático Resiliência dos Sistemas Nacionais de Saúde da prestigiada revista Saúde em Debate reflete o compromisso do CEE-Fiocruz, com a disseminação de pesquisas e estudos sobre os dilemas e os desafios institucionais do setor público de saúde na contemporaneidade”, observa Jatobá.
Acesse a íntegra da edição da revista Revista Saúde e Debate sobre Resiliência dos sistemas nacionais de saúde