Pandemia de Covid-19 ainda afeta rotina de tratamento de um em cada quatro pacientes com câncer, mostra pesquisa

Pandemia de Covid-19 ainda afeta rotina de tratamento de um em cada quatro pacientes com câncer, mostra pesquisa

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Foto: Mateus Pereira (AGECOM/ Gov/BA)

Um a cada quatro pacientes oncológicos ainda sofre os impactos da pandemia de Covid-19, com alterações em sua rotina de tratamento. Esse é um dos resultados encontrados na pesquisa virtual realizada pelo Movimento Todos Juntos Contra o Câncer (TJCC) em parceria com o Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz Antonio Ivo de Carvalho, com pacientes, cuidadores e profissionais de Saúde cadastrados na base de dados do Movimento para monitorar os impactos da crise sanitária no tratamento do câncer, comparando os resultados com dados obtidos em 2020. Os resultados do levantamento foram apresentados no 8º Congresso Digital Todos Juntos Contra o Câncer, em 23/9, 2021. 

Entre os dias 8 de abril a 1 de outubro de 2020, 774 pessoas responderam ao questionário on-line, e, durante 2021, cerca de 150 pessoas participaram. O monitoramento continua. De acordo com a pesquisa, ainda, a maioria dos pacientes impactados é de usuários do SUS. Em 2020, eles eram 69% dos atendidos. O percentual subiu para 88%, em 2021. 

Acesse a apresentação completa da pesquisa

Um dos impactos da pandemia apontado pelos pacientes diz respeito à comunicação com o centro de tratamento que, de acordo com os resultados da pesquisa, piorou nesse período. Em 2020, 31% dos pacientes consideravam que a relação era ruim; em 2021, essa porcentagem aumentou para quase 40%. 

Neste ano, um a cada quatro pacientes recebeu atendimento à distância, sendo a maioria usuária de plano de saúde. O acesso ao tratamento remoto ainda é um desafio para o SUS. A maior parte dos centros de tratamento do sistema não oferece esse serviço aos pacientes. O cenário é diferente na Saúde Suplementar, que tem a maioria dos centros de tratamento contando com essa modalidade de atendimento. Outro dado apontado é que quase a totalidade (93%) dos pacientes, considerando nesse caso os atendidos tanto pela Saúde Suplementar como pelo SUS, relata não ter acesso ao atendimento domiciliar. 

O acesso ao tratamento remoto ainda é um desafio para o SUS. A maior parte dos centros de tratamento do sistema não oferece esse serviço aos pacientes

O estudo mostrou, também, que mais da metade dos pacientes (61%) considerou que a pandemia resultará em efeito negativo sobre acesso ao tratamento oncológico. As remarcações e cancelamentos de consultas devido à crise sanitária, assim como o cancelamento de cirurgias oncológicas justificam essa projeção. Embora a quantidade de remarcações e cancelamentos de consultas tenha caído de 2020 a 2021, o índice ainda permanece alto: 38%, em 2020, e 29%, em 2021. 

O índice de cirurgias oncológicas canceladas no SUS teve aumento muito expressivo, passando de 6%, em 2020, para 25%, em 2021. Já o cenário de cancelamentos de exames aparentou melhora, diminuindo 13% de um ano para o outro. 

Embora a quantidade de remarcações e cancelamentos de consultas tenha caído de 2020 a 2021, o índice ainda permanece alto: 38%, em 2020, e 29%, em 2021

O monitoramento ainda está em andamento e pacientes, profissionais de saúde e cuidadores podem responder o questionário nas redes do TJCC.

O estudo integra um conjunto de pesquisas realizadas pelo Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz, voltadas à investigação do acesso tanto dos recursos de atenção disponíveis atualmente, como da incorporação de inovações tecnológicas para diagnóstico e tratamento do câncer no futuro.